Caixa segrega empregados ao lançar novo Bônus sem negociar com o movimento sindical
Programa de pagamento diferenciado na Caixa, para quem tem função, ameaça PLR linear
Sem qualquer negociação com os representantes dos empregados, a direção da Caixa definiu as regras para o pagamento de bônus. Diferentemente da PLR e da PLR Social, que remuneram todos os empregados, o novo programa – chamado de Bônus Caixa – discrimina boa parte dos trabalhadores que participam do resultado do banco.
O Bônus Caixa abrange o período de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2017, e a apuração para efeito de pagamento ocorrerá após a divulgação oficial do resultado operacional de 2017. Mas só receberão a remuneração gerentes, superintendentes, coordenadores e supervisores.Estão excluídos, empregados que ocupam funções gratificadas como auxiliar de atendimento, assistente e caixa.
O movimento sindical enviou ofício à Caixa cobrando a suspensão do programa, em 1º de dezembro, mas até agora não obteve resposta. Também reivindica negociação visando valorização dos trabalhadores, evitar adoecimentos e discriminação.
Protestos
“A Caixa deveria respeitar todos os empregados que trabalharam pelo resultado, principalmente assistentes e técnicos bancários. Mas em vez de incentivar a união entre os trabalhadores, motivando todos a atingirem o resultado, esse programa (Bônus Caixa) discrimina e divide os bancários em duas castas: os privilegiados e os excluídos ou dispensáveis”, protesta um bancário de uma agência da zona sul de São Paulo.
Sem registro de horas extras
Além da venda de produtos, o Bônus Caixa leva em conta aspectos da rotina de trabalho, como por exemplo, economia de horas extras nas agências. Essa é uma das razões da Caixa estar sendo denunciada no Ministério do Trabalho por registro irregular, pois essa prática pressiona os empregados a continuarem trabalhando sem registrar o período a mais trabalhado no ponto.
Direção ameaça PLR Social e a PLR
Diferentemente do Bônus Caixa, a PLR remunera todos os empregados. Resultado de mobilização dos trabalhadores ao lado do movimento sindical, a PLR passou a ser paga pela Caixa em 2004, seguindo a regra dos demais bancos. Além disso, o banco público distribui, desde 2011, 4% do lucro líquido entre todos os empregados. Fruto da Campanha Nacional do ano anterior, a chamada PLR Social leva em conta funções sociais do banco como o atendimento à população.
Antes dessas conquistas, a Caixa pagava apenas a PRX – atrelada a metas. Praticamente só os gestores recebiam a remuneração.
Frutos da mobilização
É importante ressaltar que o valor da segunda parcela da PLR, paga em março deste ano, foi bem menor do que os trabalhadores esperavam. O Sindicato cobrou maior valorização dos trabalhadores, que poderia ter sido traduzida por meio do pagamento da PLR utilizando como base o lucro líquido recorrente, como determina o Acordo Coletivo vigente. Porém a direção da Caixa recusou, o que foi um dos motivos para a mobilização, junto com outras pautas, da paralisação dos bancários da Caixa na Greve Geral no dia 28 de abril.
“Interessa a quem?”
“Temos a convicção que todos e todas na Caixa, com ou sem função, são os responsáveis diretos pelos resultados alcançados. Quando a Caixa não lança mão de expedientes contábeis para alterar o resultado operacional, temos aí a real informação de quanto é o lucro. Em 2016, sentimos bem o que foi a tal projeção de Lucro da Caixa e o quanto foi a 2ª Parcela da PLR”, afirma o diretor da ContracfCUT e representante do RS na comissão da empresa, Gilmar Aguirre.
Fonte: ContrafCUT