Dia de Luta das Mulheres Trabalhadoras marca o 8 de março em Pelotas
Reunidas em um grupo de mulheres, trabalhadoras e estudantes estiveram realizando uma série de atividades, em Pelotas, para marcar o Dia Internacional da Mulher. A professora Fabiane Tejada, presidente da ADUFPEL, que participou da organização do 8 março, explica que o principal objetivo é chamar à atenção do poder público, e da sociedade, em geral, para a opressão e violência que se fazem presentes no dia a dia das mulheres. “Esse é um dia de luta contra toda forma de agressões sofridas pelas mulheres, inclusive por parte do Estado, já que faltam políticas de proteção à mulher e nossos direitos estão sendo ameaçados com as reformas que estão em curso”, enfatiza.
O pedido de revogação dos projetos de lei contrários aos interesses das trabalhadoras foi pauta permanente das discussões que ocorreram na cidade. Concentradas, desde às 15h, no Largo do Mercado Público, as pelotenses saíram pelas ruas centrais para dialogar com a população sobre os dados que atingem diretamente as mulheres do município. Segundo o Observatório do Trabalho da UFPel, um balanço referente aos empregos formais, no ano de 2017, dá conta de que as mulheres representam 97% das perdas de postos de trabalho em Pelotas. Além disso, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, a incidência de violência contra mulheres, na cidade, também é muito alta, sendo o segundo município que mais comete agressões contra as mulheres. São 54 estupros, 811 lesões corporais e mais de mil casos de ameaças por parte de companheiros das vítimas registrados apenas no ano de 2017.
Essas e outras informações foram repassadas, também, à prefeita Paula Mascarenhas (PSDB), na parte da manhã, quando representantes foram recebidas pela chefe do Executivo local. O diálogo se deu em torno de questões que, segundo Fabiane, precisam ser melhor debatidas, como o Pacto Pela Paz, o Código de Convivência e demais questões que afetam a liberdade das mulheres. Em mais de uma hora e meia de conversa com a prefeita, foram apresentados diversos pontos negligenciados pelo Estado no que diz respeito a direitos básicos das mulheres, como acesso à saúde, educação, trabalho digno e moradia. “Uma das demandas apresentadas como sugestão à Prefeitura foi a transformação da Coordenadoria de Políticas Públicas para Mulher em Secretaria Municipal, viabilizando toda a estrutura e o poder de ação e decisão necessários para o encaminhamento de questões relativas aos direitos das mulheres pelotenses.
Marcado por falas de mulheres sindicalistas, coletivos estudantis feministas e partidos políticos, o ato pelo Dia da Mulher contou, ainda, com performance artística e uma marcha, pelo centro de Pelotas, trazendo à tona todo o caráter histórico do 8 de março. Conforme explica Isabella Filippini, estudante de Serviço Social da UCPel e membro do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro, essa data precisa ser lembrada como um movimento político e classista que culminou na Revolução de Outubro. “O 8 de março tornou-se representativo porque as mulheres tomaram à frente de um processo de luta pelos trabalhadores. É importante registrar que a origem desta data tem vinculação direta com a classe trabalhadora”. Ela lembra, ainda, que é importante ponderar tanto as pautas históricas – como o combate à violência contra a mulher, a legalização do aborto, a denúncia em relação ao assédio e à violência sexual -, quanto retomar às pautas classistas, sobretudo, agora, em que os ataques aos direitos das trabalhadoras brasileiras se faz mais uma vez presente com as reformas trabalhista e da previdência. “Além de sofrerem discriminação no mercado de trabalho, as mulheres precisam lidar com uma múltipla jornada de trabalho e continuam, prioritariamente, assumindo o cuidado com os filhos e trabalho doméstico”, lembra a estudante.
Seeb Imprensa Pelotas
Foto: Luiz Henrique Schuch