Quatro bancos acumulam 78,5% das operações de crédito em 2017
Essas instituições respondiam por 76,35% dos depósitos e 72,69% de todos os ativos em dezembro do ano passado. Em junho de 2017, esses percentuais eram 76,74% e 72,99%, respectivamente.
A alta concentração bancária é apontada como um dos fatores que explicam por que os juros ao consumidor final seguem tão elevados no país e resistem em baixar, mesmo diante da queda da taxa Selic. Em agosto de 2016, a Selic se encontrava em 14,25%. Dois meses depois passou a cair e atualmente está em 6,5%, o nível mais baixo da história.
“Antes o elevado índice da taxa Selic era a desculpa dos bancos e dos economistas para justificar as taxas exorbitantes de juros cobradas dos clientes. Mas a Selic baixou para o seu menor nível da história e os grandes bancos continuam cobrando juros extorsivos porque se aproveitam da concorrência quase inexistente no setor”, afirma a secretária-geral do Sindicato e bancária do Bradesco, Neiva Ribeiro.
O peso do spread bancário (diferença entre o quanto o banco paga ao tomar empréstimo e o quanto ele cobra para o consumidor na operação de crédito) na taxa final de juros aos consumidores e empresas tem aumentado no atual governo, mesmo diante das menores taxas básicas de juros da história. É o que revelam dados do economista e especialista em crédito Gilberto Borça Júnior.
Em maio de 2016, quando o atual governo tomou o poder, a proporção entre o spread geral e o custo do crédito era de 69,6%, atingiu 71,8% em outubro daquele ano, quando teve início a trajetória de corte de juros, e chegou a 75,8% em fevereiro deste ano.
No caso do crédito para pessoa física, o aumento passou de 76,3% em maio de 2016, atingiu 78,2% em outubro do mesmo ano e bateu 81,4% no dado mais recente. Para as empresas, no início do atual governo estava em 54,7%, passando para 56,4% em outubro e chegando agora a 62%.
“Os dados mostram que os bancos têm embolsado a queda da taxa de juros da economia, o que ajuda a explicar os lucros cada vez maiores obtidos por eles e comprova que o sistema financeiro brasileiro não contribui em nada para o fomento da economia nacional. Pelo contrário, apenas estrangula toda a população e o setor produtivo em detrimento de uma lucratividade inimaginável que beneficia apenas alguns acionistas e diretores executivos dessas instituições. E o Banco Central, que é o órgão regulador, nada faz para mudar essa situação, porque está capturado pelo setor financeiro”, afirma Neiva.
O Banco Central atualmente é comandado pelo ex-economista-chefe e sócio do Itaú, Ilan Goldfajn.
Em 2016, os quatro bancos lucraram R$ 50,6 bilhões. Em dezembro de 2017, as mesmas instituições ganharam R$ 67,4 bilhões, aumento de 33,2%.
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Fonte: Sindicato dos Bancários de SP