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Lucro do Itaú cresce 3,9% e famílias donas do banco recebem R$ 9 bilhões em dividendos
O lucro do Itaú Unibanco (ITUB4) cresceu 3,9% no primeiro trimestre de 2018 na comparação com um ano antes, para R$ 6,4 bilhões, informou o banco por meio de um comunicado publicado na noite de terça-feira (1). O número veio acima dos R$ 6,32 bilhões estimados pela média dos analistas. O lucro das atividades de seguridade e serviços responde por 56% desse total. A rentabilidade recorrente anualizada sobre o patrimônio líquido médio foi de 22,2%. A carteira de crédito atingiu R$ 601,1 bilhões ao final de março de 2018, registrando aumento de 2,4% em relação a março de 2017 e de 0,2% em relação a dezembro de 2017.
Esse crescimento se dá mesmo no momento em que o Brasil enfrenta a pior recessão da suas história, sendo este cenário favorável a poucas famílias. É o caso dos integrantes dos clãs Setubal, Villela e Moreira Salles – controladores do ItaúUnibanco Holding –, que receberam R$ 9,1 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) nos últimos cinco anos, período que incluiu dois anos seguidos de contração da economia. Um terço do valor foi pago somente em 2017.
Com os lucros robustos e a expansão dos empréstimos lenta por causa da situação econômica, o capital do Itaú foi se acumulando. Para não prejudicar a taxa de retorno, o banco tem devolvido capital aos acionistas. O Itaú foi o maior pagador de dividendos e JCP entre as empresas de capital aberto do País pelo segundo ano consecutivo em 2017, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. A instituição sediada em São Paulo pagou R$ 17,6 bilhões em proventos aos acionistas, 76 por cento a mais do que no ano anterior e mais que o dobro da segunda maior pagadora de dividendos, a Ambev. Nos últimos cinco anos, o total distribuído em dividendos pelo Itaú somou R$ 46,6 bilhões.
Enquanto o montante pago pelo Itaú a seus acionistas mais que triplicou desde 2013, nas cinco maiores empresas não-financeiras do País por valor de mercado o volume pago em proventos recuou 40 por cento. Neste período, tradicionais pagadoras de dividendos, como Vale e Petrobras, foram atingidas por crise econômica, escândalos e queda de preços do minério de ferro. Já a taxa de desemprego subiu de 5,6 por cento em março de 2013 para 12,4 por cento, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A família Moreira Salles recebeu do Itaú R$ 4,12 bilhões em dinheiro ao longo de cinco anos, enquanto os Setubal levaram R$ 1,72 bilhão e os Villela, R$ 3,25 bilhões. O clã Moreira Salles tem participação indireta de 8,84 por cento no banco por meio da holding Cia E. Johnston. Os Setubal e os Villela têm ações por meio da Itaúsa, que detém uma fatia de 37,6 por cento no banco.
Outros ganhadores
As famílias não foram as únicas beneficiárias da montanha de dinheiro distribuída pelo Itaú. O banco tem 121.000 acionistas diretos e mais 1 milhão de brasileiros ganharam dividendos da instituição por meio de fundos que têm ações do banco, de acordo com cálculos da própria instituição. A Itaúsa, que também é listada na bolsa e distribui os dividendos que recebe do banco, tem aproximadamente 65.000 acionistas.
A participação dos Moreira Salles de 8,8 por cento no Itaú valia cerca de R$ 27 bilhões em 25 de abril. A fatia de 11,9 por cento dos Setúbal na Itaúsa valia aproximadamente R$ 12 bilhões. A participação de 22,53 por cento da família Villela na Itaúsa valia R$ 22,7 bilhões.
Com informações da Money Times e da Revista Exame