Transtornos mentais: uma epidemia na categoria bancária
Por: Ivone Silva*
Os bancos se enquadram entre as empresas com maior risco de acidente de trabalho ou doença ocupacional no Brasil. Eles são responsáveis por apenas 1,1% do estoque de empregos formais no Brasil, e, no entanto, responderam por 4,71% do total de afastamentos por doença no país entre 2012 e 2017, ou seja, há uma desproporção entre o peso dos bancos na estrutura de emprego do país e no total de afastamentos por doença relacionada ao trabalho.
De acordo com dados no INSS, as instituições financeiras são o setor econômico responsável pelo maior volume de gastos com benefícios acidentários. Totalizaram 5,73% do total de gastos entre 2012 e 2017, seguido pelos setores de Transporte rodoviário de carga com 4,04%, Administração Pública em Geral com 3,81%, Construção de edifícios com 3,77%, etc.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) também traz dados relevantes: 21,20% do total de afastados por transtornos depressivos recorrentes no país são da categoria bancária. Se antes a maior causa de afastamentos eram lesões por esforço repetitivo, desde 2013 transtornos mentais e comportamentais ultrapassaram as LER/Dort e se mantiveram como as enfermidades com maior incidência na categoria bancária. Isso evidencia o quanto a política de gestão dos bancos, focada na cobrança abusiva de metas, assédio moral, competição e sobrecarga adoece o bancário.
Durante a negociação da Campanha Nacional Unificada dos bancários, os bancos não apresentaram propostas para o combate às metas abusivas. Esse é um tema central para o trabalhador, e toda a população já que o adoecimento se tornou uma epidemia na categoria.
Foto: Portal Saúde no Ar
*Presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo