Sindicato recebe o primeiro encontro do Curso de Formação Intersindical
Na noite de quarta-feira (29), o Sindicato dos Bancários recebeu o primeiro encontro do Curso de Formação Intersindical. Idealizado pelo coordenador de formação do Sindicato, Ricardo Bochi, em parceria com diretores de outros sindicatos de Pelotas, o objetivo do projeto é preparar os dirigentes sindicais – e os trabalhadores de modo geral – para os desafios que estão sendo impostos pelas transformações no mundo do trabalho, sobretudo após a aprovação da nova legislação trabalhista.
“A avaliação deste primeiro dia de curso é muito positiva. Esse projeto é fruto do trabalho coletivo das lideranças sindicais da nossa cidade, que compreenderam a necessidade de não só trabalhar a formação política, nesses tempos de avanço das políticas neoliberais, mas, também, valorizar os pesquisadores da nossa região, convidando-os a suscitar debates pertinentes aos trabalhadores, como, nesse primeiro momento, ao tratarmos dos princípios da produção industrial e da reorganização do mundo do trabalho”, avalia o diretor Ricardo Bochi.
Ao dar início ao diálogo sobre Fordismo e Taylorismo, o professor Francisco Eduardo Beckenkamp Vargas enfatizou a importância do viés histórico e sociológico para compreender a conjuntura atual. “É preciso compreender que existe uma crise no âmbito da sociedade do trabalho e das relações de trabalho. Afinal, o trabalho, nas sociedades moderas, foi pensado como um elemento utópico, como uma atividade capaz de produzir uma emancipação no mundo moderno”, enfatizou. Durante a sua explanação, o pesquisador demonstrou que a “utopia do trabalho”, almejada por muitos pesquisadores ainda no século XX, não se realizou por completo, uma vez que a atual crise da sociedade do trabalho é, acima de tudo, uma crise do próprio capitalismo, enquanto modelo de uma organização social que não deu certo.
De modo complementar, o sociólogo Hilbert David de Oliveira Souza, enfatizou a importância de se pensar em uma perspectiva histórica as últimas décadas do trabalho no Brasil. “Daqui há alguns anos nós vamos olhar para esta última década e defini-la como a era de ouro do trabalho no Brasil. Da mesma forma que, hoje, se fala das grandes transformações que ocorreram no mercado europeu, no pós-guerra, o Brasil sofreu mudanças muito significativas, no início do século XXI, no que tange o mercado de trabalho”, explicou.
De acordo com os palestrantes, é preciso compreender que as transformações do capitalismo acarretam em um aumento das desigualdades sociais. “Essas mudanças levaram, primeiro, à uma mercantilização, depois, à uma desmercantilização, e posteriormente, à uma remercantilização das relações de trabalho, indicando uma nova tendência à individualização e à contratualização destas relações, colocando em risco os direitos sociais e as formas consolidadas de proteção social”, enfatizou Beckenkamp.
A profunda mudança no perfil da classe trabalhadora, ao longo do desenvolvimento do capitalismo, foi apontada, pelos dois pesquisadores, como um diagnóstico preciso desse momento em que vivenciamos, marcado pela acumulação flexiva. Os bancários já estão sentindo os reflexos do processo de reestrutração da atividade produtiva a partir da política de reestruturação dos bancos. O cenário de hoje, após a aprovação da reforma trabalhista, tende a acelerar o processo de precarização do trabalho, com aumento da rotatividade no emprego e das terceirizações. Associado à esse cenário, os bancários assistem à massiva introdução das novas tecnologias da informação e comunicação, que são apresentadas como substitutivas do trabalho prestado pelos bancários
Fique atento
A reflexão iniciada nesta semana não se encerra aqui. Já estão sendo programados novos encontros para os meses de outubro e novembro. Os próximos temas dão continuidade à discussão sobre a sociedade do trabalho, passando pelo toyotismo e culminando com as políticas neoliberais, na contemporaneidade. Assim que os próximos palestrantes estiverem confirmados serão divulgadas mais informações em nossos canais de comunicação.
O Curso de Formação Intersindical está sendo promovido, em parceria, entre o Sindicato dos Bancários, STICAP, Sinasefe, Sindicato dos Metalúrgicos, Simsapel, Sintrapospetro, Simpro, Centro Acadêmico Ferreira Viana (Direito da UFPel ) e o coordenador jurídico do Sindicato Rubens Soares Vellinho.
Confira imagens do encontro:
Imprensa Seeb Pelotas