SÃO PAULO, SP, BRASIL, 26-05-2015:Agencia da Caixa Economica federal, situada na rua Palmeiras, n238. (Foto: Samuel Costa/Folhapress REVISTA SP) ***EXCLUSIVO FOLHA****

Fenae defende Caixa 100% pública e repudia IPO de seguros, cartões, loterias e gestão de recursos

Proposta de reestruturação com abertura de capital de quatro subsidiárias, anunciada nesta semana em São Paulo, ameaça papel social do banco.

A importância do caráter público da Caixa Econômica Federal, somada a uma política de valorização dos empregados, precisa ser reafirmada sempre e em qualquer situação. A defesa da instituição 100% pública, forte e social ficou evidente nesta quarta-feira (30) em São Paulo, durante evento do Credit Suisse com 650 investidores privados, depois que o presidente do banco, Pedro Guimarães, anunciou proposta de fazer a abertura de capital de quatro subsidiárias, até junho do próximo ano, na Bolsa de Valores da capital paulista (a B3) e em Nova Iorque (EUA), a pretexto de modernizar a governança corporativa e de introduzir mais “transparência” no modelo de gestão.

O foco de mais essa medida de terra arrasada são as áreas estratégicas de seguros, cartões de créditos, loterias e gestão de recursos. Trata-se de uma política completamente equivocada, sobretudo por criar intranquilidade para a sociedade brasileira e deixar grande dúvida sobre o futuro da empresa.

“Repudiamos essa política privatista da nova direção do banco, porque a Caixa é uma empresa sob controle público e, por isso, tem liberdade para estabelecer medidas de apoio ao crédito, à habitação e de intervenção do Estado na economia, enfrentando o rentismo privado”, diz Jair Pedro Ferreira, presidente da Fenae. Ele lembra que, a partir do momento em que áreas estratégias da empresa atuam com base em um modelo de economia mista, a Caixa passa a ter certos controles que a legislação impõe e dificulta ações púbicas inerentes a um governo que intervenha na economia em favor do desenvolvimento social.

O que mais preocupa é que esse novo processo de abrir capital de seguros, cartões, loterias e gestão de recursos integra o conjunto de iniciativas desse governo que vem deturpando o papel do Estado, com privatizações e sucateamento do patrimônio público. Em passado recente, convém salientar, a Caixa só não se tornou Sociedade Anônima por conta da organização e resistência dos empregados e de vários setores da sociedade, embora venha perdendo gradualmente seu papel de protagonista como banco social ao adotar a mesma lógica de resultado do setor privado, ampliando o lucro à custa da diminuição do crédito, aumento de juros e tarifas, além de corte de custos em recursos humanos.

Como justificar a abertura de capital em áreas estratégicas a menos de um mês de posse de um novo governo, que poderá modificar tudo o que vem sendo feito até agora, na perspectiva de consolidação da Caixa 100% pública? Existe o entendimento de que a opção pelo modelo de venda de todos os ativos “não core (essenciais)”, como anunciou o presidente do banco, não terá o efeito de melhorar a governança ou a transparência da gestão. Irá, isto sim, aprofundar um perfil de negócios que retira a empresa dos mercados em que exerce liderança, diminuindo sua capacidade de gerir as políticas públicas e atendendo, assim, a interesses de bancos privados.

Com base nessas questões, o presidente da Fenae admite que o ano de 2019 não será nada fácil, “e isso o movimento nacional dos empregados já sabia logo após o fim das eleições em segundo turno do ano passado. Ele lembra, enfim, que “a posse de um Congresso Nacional ainda mais conservador que o anterior e as cobranças da coalisão que ajudou a eleger Bolsonaro são algumas das muitas pedras no caminho para a continuidade do desenvolvimento com distribuição de renda e inclusão social”.

Jair Ferreira reitera que a Caixa que o Brasil precisa é uma instituição 100% pública. E complementa: “Estão cada dia mais escancarados os planos do governo federal para enfraquecer e privatizar o banco. Se será com abertura de capital ou venda de áreas importantes como loterias, seguros, cartões e gestão de recursos, pouco importa. A manutenção do caráter 100% público da Caixa deve ser o principal objetivo da mobilização de empregados e entidades representativas”.

Fonte: Fenae

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