Caixa puxa fila da “redução do estado”

A Caixa Econômica Federal puxou a fila da “redução do Estado” nos bancos públicos, nos 100 primeiros dias da gestão do presidente Jair Bolsonaro. No Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), as coisas estão mais devagar, o que tem desanimado os bancos de investimento. Já no Banco do Brasil, que tem menos ativos à venda e negócios mais complexos de serem empacotados, a dinâmica é diferente.

Após capitanear a primeira operação de privatização bem-sucedida com a venda das ações do ressegurador IRB Brasil Re detidas por um fundo governamental, a Caixa já engatilhou a segunda operação. Desta vez, o alvo é a Petrobrás, a partir dos papéis detidos pelo FI-FGTS. A ideia é esvaziar os fundos governamentais, um por um.

Na semana passada, a instituição contratou quatro instituições, além da própria Caixa, para coordenar a operação, que pode render R$ 9 bilhões. São eles: Bank of America, XP Investimentos, Morgan Stanley e UBS.

Há uma série de ativos na fila. Um dos avanços mais recentes foi na área de seguros. A gestão atual, capitaneada pelo ex-Brasil Plural, Pedro Guimarães, anunciou que iria rever todos os contratos já negociados. Está cumprindo a promessa.

A Caixa conseguiu convencer o sócio francês, a CNP Assurances, a reduzir sua fatia na futura sociedade. Com operações nos ramos de seguro de vida, prestamista (que cobre prestações) e previdência, a Caixa passará a ter 75% de participação, em vez de 60%. Já os franceses tiveram sua fatia reduzida de 40% para 25%. Em troca, o prazo da parceria deverá ser ampliado para que não se perca o acordo avaliado em R$ 4,6 bilhões.

O mercado aguardava ansioso o desfecho da parceria, já que as demais sociedades que a Caixa quer estruturar em seguros dependiam da negociação com a CNP. Os novos acordos ficarão sob a Caixa Seguridade, holding que concentra as operações do setor no banco.

A exceção deve ser a carteira de grandes riscos, da qual a Caixa quer ter apenas 25%. Como exige muito capital, a intenção é atrair um sócio majoritário.

Concluída a reestruturação da área, o objetivo é abrir o capital da operação de seguros nos moldes da BB Seguridade, do Banco do Brasil, já no segundo semestre. Como esse cronograma se arrasta há quatro anos, especialistas têm dúvidas se será cumprido.

Na verdade, o ativo da Caixa mais ajeitado para uma oferta pública é a rede de loterias e, por isso, pode ser o primeiro. Depende, porém, de trâmite regulatório. O de seguros vem na sequência, seguido pelo braço de gestão de recursos e pela operação de cartões. Há ainda imóveis e agências a serem vendidos.

A desova de ativos por parte da Caixa também deve representar o reforço da sua atuação como um banco de investimentos. A instituição vai atuar como assessor, muitas vezes na condição de líder, em todas as operações. Para exemplificar a ambição da Caixa, Guimarães disse semana passada, durante palestra, que vai “massacrar” o Bradesco e o Itaú Unibanco.

Outro tempo
Enquanto a Caixa avança, no BNDES o ritmo é mais lento. Por meio da BNDESpar, seu braço de participações em empresas, o banco tem R$ 110 bilhões em ativos que devem ser desovados nos próximos quatro anos. Até agora, porém, nenhum movimento concreto foi feito. “As coisas lá estão devagar”, diz o executivo de um banco de investimento.

Já o Banco do Brasil deu alguns passos na direção de reduzir ativos que não são essenciais à instituição. Bancos foram contratados para a abertura de capital da Neonergia, da qual são sócios a espanhola Iberdrola e a Previ, que deve ocorrer ainda no primeiro semestre.

Para o banco Votorantim, BB e a família Ermírio de Moraes escolheram o JPMorgan que irá a prepará-lo rumo à abertura de capital. Quanto ao restante, Rubem Novaes, presidente do BB, diz que não há pressa uma vez que essas tratativas são “complexas e trabalhosas”.

Fonte: FEEB Paraná

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