Representantes da UFPel e IFSul denunciam motivação política no corte de verbas

Ainda em tom de campanha eleitoral, governo Bolsoanro elege a educação pública como sua principal adversária política

Após o anúncio de que o governo Bolsonaro irá cortar 30% das verbas destinadas às Universidades Públicas e Instituições Federais de Ensino, no início deste mês de maio, o reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pedro Hallal, manifestou-se, publicamente, em sua conta pessoal, no Facebook, alertando à população que esta medida inviabiliza o funcionamento da instituição a partir de setembro deste ano. A preocupação se estende aos alunos, professores e funcionários do IFSul, que também sofrerão o mesmo impacto da comunidade acadêmica da UFPel.

“O governo federal não está planejando um corte. Ele já cortou. Foram retirados R$ 29 milhões do orçamento da UFPel”, alertaPedro Hallal. Ele se refere à medida anunciada na terça-feira da semana passada (30/04), retirando da UFPel o montante de R$ 22 milhões de custeio (destinado ao funcionamento básico da Universidade) e mais de R$ 7 milhões de investimento (destinado à realização de obras e compra de equipamentos de grande porte). A medida, na prática, atinge estudantes e funcionários, pois pode impactar no pagamento da conta de luz, no salário dos trabalhadores, no aluguel da moradia estudantil e na alimentação dos discentes atendidos pela instituição.

 

“A justificativa para o corte é política e não econômica”, adverte o reitor da UFPel. Sua crítica remete às declarações do governo, que passou a condicionar a manutenção dos recursos, sem mais um corte imediato, à aprovação da reforma da Previdência. Esse é atual cenário enfrentado por trabalhadores, estudantes e aposentados, no Brasil, que sofrem uma pressão psicológica para se calarem diante desta reforma, mesmo que o texto atual cause prejuízo a todos, com a substituição do atual modelo de seguridade social pelo sistema de capitalização.

O anúncio dos cortes, em todas as instituições federais de ensino, faz parte de um projeto de perseguição política, encampada pelo governo Bolsonaro, cuja educação pública foi eleita como principal inimiga. A estratégia equivocada do ministro da Educação, Abraham Weintraub, teve de ser revista para não denunciar o claro intuito de perseguição política às universidades Federal Fluminense (UFF),  Federal da Bahia (UFBA) e a Universidade de Brasília (UNB), eleitas, de início, para receberem os bloqueios orçamentários.

Na opinião da professora Fabiane Tejada, coordenadora da ADUFPel, ao estender os  cortes a todas as instituições federais de ensino, o governo só confirmou sua política intransigente – e irresponsável – de atacar a educação pública. “É importante entender que esse é um projeto que pretende sucatear a educação para poder privatizar, condicionando que apenas alguns possam acessar as universidades”, lembra. A coordenadora da ADUFPel recorda que esta é uma luta antiga – e permanente – que exige unidade e disposição para a luta. Na próxima quinta-feira, dia 9 de maio, às 17h30min, está marcada uma assembleia para avalaiar os rumos a serem tomados pelos docentes da UFPel.

Representando o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), o diretor Francisco Brongar, também foi enfático em defender a necessidade de se combater os ataques à educação pública federal. “Antes dos cortes, os Institutos Federais já estavam realizando cortes e sendo obrigados a demitir funcionários terceirizados. Essas medidas ocorreram em decorrência da aprovação da PEC do Teto,  que congela os investimentos em saúde e educação. Nesse contexto, o IFSul foi obrigado a demitir 11 funcionários terceirizados”, denuncia o representante do Sinasefe.

Além da excelência no ensino superior e na pós-graduação, a UFPel e o IFSul são responsáveis pela geração de emprego e renda em Pelotas e região. A prestação d serviços de saúde – por intermédio da FAU -, o aquecimento do mercado imobiliário, do comércio e do  turismo passam, necessariamente, pelo fato da cidade de Pelotas ser, hoje, um dos pólos principais universitários da metade sul do estado. A falta de entendimento de uma parcela da sociedade sobre a necessidade de se defender a manutenção dos serviços públicos de saúde e educação não impactará apenas na vida de quem não tem condições de arcar com educação e saúde privadas, mas na vida de todos os que, mesmo indiretamente, se beneficiam da prestação desses serviços.

Ato em defesa da educação

No dia 15 de maio está prevista uma grande paralisação contra os ataques à educação e a reforma da Previdência. O ato estará sendo realizado em preparação à Greve Geral do dia 14 de junho.

Foto: Jornal Extra

Imprensa Seeb Pelotas

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