Famílias mudam hábitos de consumo
IBGE apurou várias alterações nas despesas familiares, em parte influenciadas pelas tecnologias. A partir de janeiro, o IPCA terá nova composição, com maior peso para transporte e menor para alimentação
Com rápidas mudanças nos hábitos de consumo, o IBGE está atualizando sua Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), o que levará também a mudanças no cálculo do Índice de Preços ao Consumidor Amplo, indicador oficial de inflação no país. A partir de janeiro, os gastos com transportes vão superar a alimentação na composição do IPCA, que tem 377 produtos e serviços.
Segundo o instituto, a nova estrutura terá seis subitens a menos, no total. Mas conta com 56 novos itens. Se por um lado mostram o avanço de tecnologia, as alterações no IPCA também revelam itens em desuso pelas famílias. Entram, por exemplo, transporte por aplicativo, serviços de streaming e combos (internet, TV, telefonia). Outra tendência detectada são os gastos com animais de estimação. Por outro lado, deixam de ser calculados – ou são agregados a outros – itens como aparelhos de DVD, assinaturas de jornal, fotocópia e máquinas fotográficas (revelação e cópia).
Na POF referente ao período 2017/18, o grupo Transportes passa a responder por 20,84% das despesas de consumo, superando Alimentação e Bebidas, com 18,99%. Mesmo assim, reduziu sua participação em relação à pesquisa 2008/09 (21,95%). O IBGE apurou redução em transporte público (de 4,50% para 3,16%) e incorporou despesas com integração no transporte público (0,07%) e transporte por aplicativo (0,21%). O peso do veículo próprio soma 11,66%, o que segundo o IBGE “mostra o comprometimento dos orçamentos das famílias com despesas associadas à aquisição e/ou manutenção de veículos, como emplacamento e licença, seguro, multa, estacionamento, manutenção e conserto, peças e acessórios etc”.
A mudança de hábitos chega também à alimentação. O instituto incluiu, por exemplo, itens como macarrão instantâneo (0,03%), polpa de fruta congelada (0,01%), alimentos infantis e vinho (tanto fora como dentro do domicílio). Saem do cálculo produtos como quiabo, chá, ervilha e carne em conserva e patês, entre outros. Também entraram agora no cálculo itens como conserto de bicicleta, sobrancelha, atividade física, cabeleireiro/barbeiro, depilação, tratamento e serviços de higiene para animais.
Entre as 16 áreas onde o IPCA é calculado, a região metropolitana de São Paulo aumentou participação, de 30,67% para 32,32%. A do Rio de Janeiro diminuiu, de 12,06% para 9,41%, assim como a de Belo Horizonte (de 10,86% para 9,74%). Brasília passou de 2,80% para 4,09%. Salvador recuou (agora está com 5,99%), assim como Recife (3,93%), Fortaleza (3,22%) e Curitiba (8,05%) cresceram, Porto Alegre avançou (8,59%). A região de menor peso é a de Rio Branco, que avançou ligeiramente em 10 anos, de 0,42% para 0,51%.
INPC também muda
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) também vai mudar, com 61 novos subitens, em um total de 368 produtos e/ou serviços. Nesse caso, Alimentação e Bebidas se mantém como grupo de maior peso (21,5%), seguido de Transportes (20,02%) e Habitação (17,05%).
A diferença entre o IPCA e o INPC é que é o primeiro índice reflete despesas de consumo de famílias com rendimento mensal de 1 a 40 salários mínimos, enquanto o segundo abrange a faixa de 1 a 5 mínimos.
Fonte: Rede Brasil Atual