Teletrabalho pode precarizar ainda mais condições de trabalho da categoria bancária
O tema será debatido nas negociações da Campanha Nacional dos Bancários que começarão nesta terça-feira (04)
Necessidade para reduzir os riscos de contágio pelo novo coronavírus, o trabalho a distância poderá ser mantido após o fim da pandemia. Alguns segmentos, como os bancos, por exemplo, cogitam essa possibilidade. Para os bancários, que já atuam em condições precárias de trabalho, o home office pode agravar problemas como sobrecarga de trabalho, extrapolação de jornada e pressão por metas.
“Não sabemos até quando se dará a pandemia. Mas, hoje, da forma que está ocorrendo na Caixa, o teletrabalho não é bom para o trabalhador. Não existe jornada, as metas são abusivas, não tem ergonomia, dentre outras irregularidades”, alerta a coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa), Fabiana Uehara Proscholdt.
Segundo a dirigente, as entidades representativas dos bancários defendem que o trabalho remoto seja uma opção do trabalhador. O assunto, que foi debatido durante o 36º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa (Conecef), estará na pauta da Campanha Nacional dos Bancários. “Será um dos pontos da nossa negociação. O Comando quer regrar o teletrabalho de forma que proteja o trabalhador e os custos também sejam pagos pela empresa”, acrescenta Fabiana Uehara.
Em 2017, a Reforma Trabalhista regrou o teletrabalho, mas terminou beneficiando as empresas ao transferir os custos dos empregadores para os trabalhadores, dentre outros problemas.
“Vamos continuar defendendo o home office na pandemia para defender a vida. Mas após esse período vamos ter que fazer uma grande discussão com os bancos. Precisamos discutir jornada, os equipamentos, quem será responsável pela compra dos equipamentos, estruturas, tudo isso precisa regulamentar. Não podemos deixar nas mãos dos bancos”, defendeu o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sergio Takemoto.
Caixa
A coordenadora da CEE/Caixa lembra que o trabalho remoto já era algo que estava sendo avaliado pelo banco, inclusive tendo um piloto desde 2019. Em 24 de junho deste ano, em entrevista à CNN, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, disse que o banco vai expandir seu programa de trabalho remoto após a pandemia.
A manutenção do trabalho remoto também é admitida por outros bancos. No Bradesco, segundo matéria divulgada pela Agência Reuters na última sexta-feira (31), a implantação do teletrabalho faz parte de planos mais amplos de cortar custos entre 5% e 7% a partir do próximo ano. O banco alega que a nova rotatividade dos funcionários permitirá levantar entre R$ 600 a 800 milhões com a venda de ativos imobiliários e gerar uma economia anual de R$ 100 milhões em aluguel.
Servidores Federais
O Ministério da Economia também anunciou que irá expandir o teletrabalho de servidores públicos federais, mesmo após a pandemia de Covid-19. Uma instrução normativa, publicada nesta sexta-feira (31), estabelece as orientações para a adoção do regime.
O servidor que aderir ao teletrabalho – em regime parcial ou integral – terá que assinar e cumprir um plano de trabalho. As novas regras entram em vigor no dia 1º de setembro. As despesas com internet, energia elétrica, telefone e outras semelhantes são de responsabilidade do participante que optar pela modalidade de teletrabalho. Não haverá cômputo de horas extras ou de banco de horas.
Fonte: Fenae
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil