Pesquisadores alertam para importância do funcionamento do CONSEA em Pelotas
Pesquisadores das Universidades Federal e Católica de Pelotas têm alertado a comunidade pelotense e o poder público para os fatores que estão diretamente relacionados ao problema da insegurança alimentar e nutricional no município. A implementação do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (COMSEA) só se deu, efetivamente, agora, durante a Pandemia, mas é uma luta antiga de movimentos sociais e da sociedade civil organizada, que, desde 2006, por intermédio da Cáritas Arquidiocesana, lutam para criar o Conselho na cidade.
“Como essa temática da segurança alimentar entrou em pauta, na mídia, ainda com mais força, nesse período de crise sanitária, muitas questões estão vindo à tona”, ressalta o professor da UCPel, Tiago Nunes. Ao falar da importância da atuação do COMSEA, o pesquisador evidencia, sobretudo, o quanto a Pandemia tem revelado a fragilidade do nosso sistema de abastecimento, que, segundo têm sido demonstrado pelos estudos nas áreas de Serviço Social e Nutrição, prejudica aqueles que mais precisam.
A preocupação dos pesquisadores se justifica diante da realidade enfrentada em Pelotas, nesse momento de crise, com falta de alimentos, aumento do preço de produtos essenciais – como arroz e feijão -, e a formação de longas filas nos supermercados. “Pelotas é uma cidade de quase 400 mil habitantes e, até esse ano, ainda não tinha Conselho para tratar desse tema tão importante”, critica a professora Cristine Jaques Ribeiro, que também é docente da UCPel.
Conforme explica Cristina, para se falar em soberania e segurança alimentar é necessário compreender que estamos diante de uma problemática social, que envolve diretamente outras questões importantes e que devem ser enfrentadas pela administração municipal; é o caso do direito à moradia, ao saneamento básico e ao acesso à água potável. Conforme apontam as pesquisas das duas Universidades locais, a cidade de Pelotas possui 13 mil residências sofrendo com a falta de saneamento. Dessas, mais de seis mil estão em situação de co-habitação, mais de cinco mil são alugadas e mais de mil sofrem com falta de água.
Para a professora aposentada da faculdade de Nutrição da UFPel, Eliana Bender, que se somou aos professores Tiago e Cristina, da UCPel, no processo de criação do COMSEA, em Pelotas, a avaliação de todos esses fatores, que estão agregados à discussão da segurança alimentar e nutricional, no município, é fundamental para que sejam implementadas políticas públicas capazes de atender a parcela da população pelotense que está passando fome. “Os dados mostram que existe insegurança alimentar no município, do ponto de vista do acesso imediato ao alimento”, ressalta.
O COMSEA atua como um órgão de assessoramento da gestão municipal, atuando na fiscalização e deliberação de políticas e ações voltadas à área de segurança alimentar e nutricional, com o foco no direito humano à alimentação adequada.
Seeb Imprensa Pelotas