O Sucesso da Luta da Classe Trabalhadora só virá de forma Coletiva
Imaginar uma sociedade de bem estar social, onde cada um pense exclusivamente em si e, quando muito, na sua família, é como esperar que, ao plantar uma laranjeira colhêssemos peras. Como tratar um cão com violência e esperar que ele se torne um ser dócil.
O contexto de individualismo, em que vivemos, demonstra claramente que o egoísmo não pode trazer para a maioria da população um ambiente favorável ao desenvolvimento de suas potencialidades.
No caso da luta de classes constatamos isso com muito mais clareza. Ao minar a solidariedade e a união da classe trabalhadora, a burguesia conseguiu colocar em prática, com perfeição, a máxima utilizada pelos impérios desde Roma, na antiguidade, até os EUA, na atualidade,”dividir para dominar”.
Os donos do capital, através de aparelhos ideológicos muito bem estruturados e cada vez mais avançados tecnologicamente, conseguiram convencer grande parte da classe trabalhadora que cada indivíduo deve se tornar um empreendedor de si mesmo, que o sucesso, ou o fracasso, do indivíduo, é de responsabilidade única e exclusivamente sua.
A vida pautada pelo individualismo deve prescindir dos processos de luta coletiva, como partidos políticos, movimentos sociais e, principalmente, sindicatos. Contraditoriamente, os mesmos patrões que defendem essas ideias para seus “colaboradores” não abrem mão dos partidos políticos, das organizações e dos sindicatos patronais para que, de forma organizada, defendam seus interesses.
E assim, conforme o Capitalismo tardio em que vivemos agudiza em sua mais recente crise, mais a burguesia intensifica as formas já existentes e cria novas formas de exploração da classe trabalhadora e da natureza, a fim de ampliar a acumulação do capital.
Mesmo durante uma pandemia mundial, que tem o Brasil como um dos países onde a vida da população está mais ameaçada, e isso pode ser facilmente comprovado pelos altos níveis de infecção e de mortes (144.680 até a data em que foi escrito este artigo), o discurso liberal de retirada dos direitos trabalhistas, privatizações, migração da prestação dos serviços públicos para as mãos da iniciativa privada e diminuição na proteção ao meio ambiente, avança como sendo a única alternativa para solucionar uma crise econômica que se arrasta, há anos, e que, em larga medida, foi causada por estas mesmas políticas que tais liberais desejam continuar aplicando.
É um momento decisivo para os trabalhadores brasileiros! Um momento que exige união, organização e capacidade de luta coletiva, a fim de não retrocedermos a condições de trabalho e de vida do povo anteriores à era Vargas, onde não haviam direitos trabalhistas, como salário mínimo, jornada de trabalho de 8 horas, repouso semanal, férias remuneradas e assistência médica e sanitária.
Nesse sentido, a participação ativa da classe trabalhadora (empregados, desempregados e aposentados), em suas Associações de Classe e Sindicatos, é de extrema importância, como forma de tirá-los da letargia em que se encontram.
Sem uma mobilização forte de todos os trabalhadores, contribuindo, participando, propondo e criticando seus representantes, sejam estes políticos partidários ou sindicais, não haverá saída que não seja a uberização e precarização de todas a relações trabalhistas e sociais.
Sozinhos não teremos capacidade de resistir aos avanços do Capital financeirizado e transnacional, mas, unidos, e representados por Sindicatos fortes e atuantes, poderemos até mesmo avançar na luta por uma vida mais digna, com segurança, lazer, arte, saúde e educação de qualidade.
As mobilizações populares ocorridas no Chile, desde 2019, são o exemplo de que um povo com autoestima e consciente dos seus direitos pode conquistar avanços significativos, desde que lute de forma unida e organizada.
“PROLETÁRIOS DE TODOS OS PAÍSES UNI-VOS!”, dizia Karl Marx. Esse é o chamado que ecoa desde fevereiro de 1848! Já passou o momento de ouvi-lo!
*Leandro Sebaje é diretor do Sindicato dos Bancários de Pelotas e Região e empregado da Caixa