Milhares de pessoas protestam em Porto Alegre contra racismo e exigem justiça para Beto

Em ato realizado no final da tarde da última sexta-feira (20), Dia Nacional da Consciência Negra, em frente ao Carrefour da zona norte de Porto Alegre, milhares de pessoas protestaram contra o racismo e exigiram justiça diante do assassinato do homem negro João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, após ter sido brutalmente espancado por dois seguranças brancos, sendo um deles policial militar temporário, na noite anterior no estacionamento do supermercado.

Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal

Convocado por entidades e coletivos ligados ao movimento negro, o protesto começou nas primeiras horas da tarde e foi ganhando cada vez mais adesão, até as 18h, condenando a morte de Beto, como era conhecido por amigos e familiares. Não faltaram gritos de “Carrefour assassino”.

Vidas Negras Importam

Os manifestantes, na sua maioria jovens e usando máscaras de proteção por causa da pandemia, chegaram ao local, na Avenida Plínio Brasil Milano, com faixas e cartazes, onde se destacaram frases como “Vidas Negras Importam”, lembrando o movimento deflagrado depois da morte de George Floyd, sufocado por policiais brancos nos Estados Unidos. Também não faltaram cantos como “racistas, fascistas, não passarão” e “acabou o amor, isso aqui vai virar Palmares”.

Moradores do bairro participaram da manifestação. A candidata a prefeita Manuela D’Ávila (PCdoB) e o vice Miguel Rossetto (PT) também estiveram no ato, que passou a bloquear as duas faixas da avenida. Compareceram ainda as deputadas federal Maria do Rosário (PT) e Luciana Genro (Psol).

O nome de Marielle Franco foi lembrado, ao lado de outros negros e negras que morreram vítimas da violência e do racismo no país. O ato também contou com manifestações culturais como a capoeira.

Houve manifestações em um carro de som de representantes de movimentos negros sociais e culturais e de entidades, que reforçaram a resistência do povo negro e a urgência da luta antirracista na cidade e no país, exigindo um basta ao genocídio e à violência contra o povo negro e o racismo estrutural da sociedade brasileira.

Também se revezaram no microfone as vereadoras da bancada negra eleita para a Câmara e diversas lideranças do movimento negro, como a socióloga Reginete Bispo, suplente do senador Paulo Paim (PT-RS). Ela criticou o vice-presidente Hamilton Mourão, que disse que não existe racismo no Brasil. “Somos o país mais racista do mundo”, rebateu, enquanto a multidão gritava “fora Bolsonaro”.

Combate ao racismo deve ser cotidiano

O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, que participou do ato, lembrou que um dos seguranças que agrediu e asfixiou Beto é policial militar temporário. “Basta de racismo”, disse ao frisar que “o combate ao racismo deve ser cotidiano e é uma tarefa de todos, especialmente dos brancos que escravizam os negros e as negras há mais de 500 anos, perseguindo-os como se fossem criminosos, quando são irmãos brasileiros de todos nós”.

No início da noite, um pequeno grupo conseguiu entrar na área do estacionamento do Carrefour, onde estavam integrantes do Batalhão de Choque da Brigada Militar, que lançaram bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar os participantes do ato que se manifestavam pacificamente.

O assassinato de Beto motivou também protestos em outras cidades do país, como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte, em frente a unidades do Carrefour.

Foto: Marcus Perez / CUT-RS e Luiza Castro / Sul21

Fonte: CUT-RS com Sul21 e Brasil de Fato

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