OIT prevê que desemprego na América Latina deve chegar a 10,6%

Organização internacional aponta, ainda, que taxa deve aumentar para 11,2% em 2021

O desemprego na América Latina e no Caribe deve saltar para 10,6% neste ano, alcançando seu maior nível em mais de uma década, aponta o relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que prevê 30,1 milhões de desempregados a mais, neste ano, na região.

A crise de desemprego apontada pela OIT é desencadeada pela pandemia de covid-19. Para 2021, o cenário deve piorar ainda mais, na perspectiva da organização, que aponta uma taxa de desemprego de 11,2%. Neste ano, o Brasil chegou a 14,6% de desempregados, segundo o IBGE.

Para o diretor adjunto do Dieese, José Silvestre, os dados não são uma surpresa, pois a economia latino-americana possui maior fragilidade. “No caso do Brasil, a pandemia fez as pessoas migrarem para a inatividade e pararem de procurar emprego, seja pelo isolamento ou também pela dificuldade. É de se esperar para o ano que vem, mesmo que o país tenha crescimento econômico, que a taxa de desemprego continue elevada”, afirmou, ao Jornal Brasil Atual.

Um boletim sobre o Índice de Condição do Trabalho, divulgado ontem (17), pelo Dieese, traz dados preocupantes em relação ao atual cenário. “O índice revela que a situação era ruim antes da pandemia. As mudanças que flexibilizaram as contratações de trabalho e o avanço da tecnologia contribuíram para essa piora”, explica Silvestre.

Papel do Estado

Em seu relatório, a OIT destaca que a crise fez vários países criarem novas políticas para tentar mitigar impactos, como a formação à distância, seguro de trabalho para evitar demissões e trabalho remoto. Com a mudança de cenário, o diretor do Dieese reafirma a importância do Estado para combater o alto índice de desemprego.

Para não deixar mais pessoas passarem à condição de pobreza, Silvestre aponta para a necessidade de se prolongar o auxílio emergencial ou criar um programa de renda básica. “São necessárias medidas do Estado de política de emprego e também auxílios de renda para mitigar a crise e não deixar a pobreza se aprofundar. É preciso elaborar políticas de crédito para estimular a contratação, mas há ocupações que vão desaparecer.”

Entretanto, o Estado brasileiro precisa tomar a frente no combate à crise econômica, sem esperar ações efetivas do mercado privado. “Em todas as crises econômicas do século 20, para mitigar os problemas, o Estado teve papel de destaque. Nunca foi o mercado que resolveu, foram sempre os governos. Não será diferente com essa atual”, finalizou.

Fonte: RBA, com edição SEEB Pelotas

Foto: Agência Brasil

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