Bancos demitem mesmo com lucros recordes

Os maiores bancos brasileiros ignoram a responsabilidade social e demitem mais de 10 mil trabalhadores em plena pandemia do novo coronavírus, que agravou a crise econômica e provocou o desemprego de mais de 14,1 milhões de brasileiros. Só em 2020 foram mais de 1.500 agências extintas. Quem mais sofre é a população de bairros e de municípios mais distantes que ficam sem acesso à agência e têm de se deslocar a outros munícipios ou bairros.

A justificativa é a de que o “futuro é digital” e eles pretendem investir nesta forma de auto atendimento, que têm foco em operações feitas pelos aplicativos nos celulares e computadores pessoais, ou seja, pelos próprios clientes. Mas para a presidente da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, não há outra explicação a não ser uma ganância por lucro e o corte de gastos.

Ela ressalta que os bancos usam de concessão pública com autorização do Estado para lidar com o dinheiro das pessoas, por isso têm uma responsabilidade social, papel que eles não cumprem. Ao invés de fechar agências, deveriam ampliar a bancarização, para atender à população, já que, durante a pandemia do novo coronavírus, houve um aumento das transações digitais, mas ao mesmo tempo o que se viu, em especial nos bancos públicos, foi o aumento de filas com pessoas que procuravam o atendimento presencial.

Nos bancos públicos

Dados compilados pelo Dieese relativos ao período de janeiro até setembro de 2020, mostram que, juntos, Caixa Federal e Banco do Brasil fecharam 2.562 postos de trabalho. O lucro somado das duas instituições no mesmo período foi de R$ 17,5 bilhões.  

Hoje, 41,9% dos municípios não têm agência bancária e entre os que possuem, 17% só tem uma agência que é de banco público. O Banco do Brasil tem papel estratégico e a reestruturação pretendida pelo banco tem como objetivo somente aumentar o lucro dos acionistas. O Banco do Brasil é um banco de economia mista, cujo maior acionista é o Estado brasileiro.  

Sobrecarga  

A redução do número de trabalhadores provoca acúmulo de trabalho para aqueles que ficam, que têm que assumir o trabalho que antes era feito pelos colegas.

Atendimento excludente  

O fechamento de agências também segue uma outra característica – a localização geográfica. Juvandia ressalta que a maior parte das agências extintas estão em locais mais distantes, nas periferias ou onde a atividade econômica não é tão presente. “As agências que estão ficando, são localizadas em centros financeiros ou em bairros mais desenvolvidos economicamente”, diz a presidenta da Contraf-CUT.  Outra parte das agências sobreviventes preservam também a característica de atendimento personalizado, mais voltado a clientes de maior poder aquisitivo, como Prime no Bradesco, Personalité no Itaú e Van Gogh no Santander.

Responsabilidade do Estado

Outro problema apontado por Juvandia é a omissão do Governo Federal no controle do sistema financeiro. “O Banco Central é o órgão controlador do sistema financeiro e permite que os bancos fechem agências durante a pandemia, mesmo causando prejuízos aos clientes, de ter que se deslocar a um lugar mais distante e de municípios que ficarão desassistidos. O Governo Bolsonaro que está permitindo isso”. No caso dos bancos públicos, diz Juvandia, fechar agências é uma ação direta do governo e no caso dos bancos privados, há a conivência do governo, por meio do Banco Central.

Fonte: Fenae, com informações da CUT e edição SEEB Pelotas

Arte: SEEB Pelotas

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