Manifesto de educadores pede vacina, lockdown e renda básica no RS

Um manifesto assinado por sindicatos que representam trabalhadores em educação do setor público e privado no Rio Grande do Sul cobra do governo estadual a implementação imediata de um lockdown de nível estadual para frear o ritmo da pandemia, que ontem alcançou a marca de 502 mortes de gaúchos confirmadas em um único dia.

Ao mesmo tempo, os educadores cobram do governo a aplicação de medidas de renda básica emergencial para a população de baixa renda, a distribuição de cestas básicas e a criação de um programa de apoio financeiro para micro e pequenas empresas, incluindo aquelas que atuam no setor da educação, como creches. Os educadores pedem ainda que o governo só retome aulas presenciais após a vacinação de todos trabalhadores do setor.

O manifesto indica o colapso do sistema de saúde como justificativa para a adoção das medidas. “Considerando a situação de colapso total da atenção em terapia intensiva no Estado do Rio Grande do Sul, onde temos, quase, quatro vezes mais pacientes em filas de espera nos serviços de urgências do que os leitos disponíveis em todo o Estado; considerando que os leitos clínicos atingem, neste momento, sua máxima ocupação, assim como o uso de respiradores fora das UTIs, para dar resposta a pacientes graves em ausência de leitos de terapia intensiva”, diz trecho do manifesto.

Confira a seguir a íntegra:

Manifesto dos trabalhadores e trabalhadoras em educação pela vida dos gaúchos e gaúchas

  • Considerando a situação de colapso total da atenção em terapia intensiva no Estado do Rio Grande do Sul, onde temos, quase, quatro vezes mais pacientes em filas de espera nos serviços de urgências do que os leitos disponíveis em todo o Estado;
  • Considerando que os leitos clínicos atingem, neste momento, sua máxima ocupação, assim como o uso de respiradores fora das UTIs, para dar resposta a pacientes graves em ausência de leitos de terapia intensiva;
  • Considerando a extraordinária aceleração do número de casos demandando hospitalização clínica e em UTI, em tendência crescente desde meados de fevereiro e os números recorde de pacientes internados por COVID-19 ou suspeitos;
  • Considerando que adoção do Nível 4 do Plano de Contingência Hospitalar no RS resulta em extraordinária restrição da atenção aos pacientes NÃO COVID, como se pode observar nas ocupações hospitalares, gerando um desastre dentro do desastre;
  • Considerando que a expansão de leitos está a atingir seu limite por condições infra estruturais e de recursos humanos;
  • Considerando que o aumento de casos graves tem sido acompanhado pela observação de uma média de permanência maior nos leitos, dificultando o giro dos mesmos;
  • Considerando que a mortalidade aumenta no mesmo ritmo do aumento dos casos graves, resultando em uma média móvel de mortes sustentadamente alta;
  • Considerando que estamos longe de obter uma imunidade de rebanho por infecção natural, dado que temos esta catástrofe sanitária com apenas 10% de contagiados segundo a última pesquisa da UFPel;
  • Considerando que o acesso às vacinas e o tempo que decorrerá até alcançarmos uma imunização adquirida por vacinação, com pelo menos 70% da população vacinada, não será menor que 6 meses;
  • Considerando as observações feitas em serviços de um aumento em números absolutos de pacientes abaixo de 60, ou mesmo de 50 anos em condições graves e de morte;
  • Considerando que estas observações, assim como a explosão da demanda podem estar associadas ao efeito da circulação de novas linhagens do vírus, como fenômeno nacional e portanto não relacionadas apenas às variações de circulação de pessoas nas praias e nas festas de fim de ano e Carnaval;
  • Considerando que estas tendências de aumento acelerado se dão sobre uma base de oferta de atenção bastante saturada com pouca margem de complacência;
  • Considerando o aumento da circulação de pessoas e consequente redução do distanciamento controlado e mesmo de uso de máscaras, sem aumento efetivo da vigilância epidemiológica, fortalecimento da atenção básica e testagem de suspeitos e seus contatos e sem auxílio econômico emergencial;
  • Considerando que o colapso da assistência médica hospitalar gerará muita tensão social e fatalmente forçará uma parada de atividades econômicas, a cada dia em condições mais precárias;
  • Considerando que o único recurso conhecido hoje para frear o colapso assistencial em saúde é o lockdown, como o demonstrou a realidade europeia das últimas semanas, idealmente combinada com vacinação;
  • Considerando que em curto prazo a redução drástica da circulação de seres humanos se impõe para poder isolar e controlar os núcleos de disseminação do vírus;
  • Considerando que o lockdown não pode ser uma medida pontual em alguns municípios dado que a capacidade de atenção hospitalar e sobretudo de terapia intensiva está esgotada em todo o Estado;
  • Considerando que com a magnitude do colapso em curso necessitamos uma paralisação rigorosa da circulação do vírus, que não se consegue em menos de 3 a 6 semanas, com monitoramento intenso da evolução da situação;
  • Considerando que o enfrentamento da Pandemia irá consumir o ano de 2021 e possivelmente 2022 com as variações de linhagem, desafios de imunização por vacinas e constante monitoramento populacional e da capacidade de resposta assistencial, se torna imperativo prover de forma permanente e suficiente a proteção econômica de todas populações que o requeiram;
  • Considerando que adotado o lockdown como urge fazê-lo deve-se usar o tempo do mesmo para um detalhado planejamento sobre como se deve realizar o retorno seguro às atividades sob constante monitoramento;
  • Considerando que as escolas por essência são espaços de aglomeração e no seu conjunto provocam uma grande mobilização na sociedade, de circulação de pessoas e consequentemente exposição e contaminação;
  • Considerando que em vários países a volta às aulas presenciais é uma medida não imediata pós lockdown, este tema requererá o tempo necessário para dar-se com segurança.

Defendemos:

  • A imediata decretação de lockdown no rio grande do sul;
  • A agilização na compra e aplicação das vacinas;
  • O imediato estabelecimento de programa de renda básica emergencial para a população de baixa renda e aqueles em situação de vulnerabilidade social;
  • O imediato estabelecimento de programa de apoio financeiro para micro e pequenas empresas, incluindo as instituições de educação infantil privadas;
  • O imediato estabelecimento de politicas públicas que garantam a distribuição de cestas básicas para as famílias de estudantes das escolas públicas;
  • Diante desse grave contexto, o retorno às aulas presenciais será possível somente após a vacinação das trabalhadoras e trabalhadores em educação.

Assinam este Manifesto:

CPERS/Sindicato
Deputada Estadual Sofia Cavedon
Sindicato dos Profissionais do Magistério de Capão da Canoa e Xangri-lá;
Sindicato dos Professores de Santa Maria – SINPROSM;
Coletivo de Educação em Campo Bom em Luta;
Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Sapucaia do Sul – SINTESA;
Sindicato dos Servidores Municipais de Parobé;
Sindicato dos Profissionais em Educação Municipal de Canoas – SINPROCAN
Sindicato dos Municipários de Viamão – SIMVIA
Sindicato dos Municipários de Porto Alegre -SIMPA
Sindicato dos Municipários de Esteio – SISME
SINASAFE – Bento Gonçalves
Seção Sindical do ANDES/UFRGS
SindoIF Seção Sindical do ANDES-SN no IFRS
Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública Municipal de Gravataí
Sindicato dos Servidores Públicos de Bento Gonçalves – SINDSERP
CMP SINDICATO – Sindicato dos Professores municipais de Passo Fundo
Coletivo pela Educação – Região Passo Fundo

Fonte: Sul 21

Imagem: SEEB Pelotas e Região

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