Leite encaminha privatização da CORSAN e Banrisul segue na mira
Após se lançar como pré-candidato à presidência da República, pelo PSDB, e na sua tentativa de acenar para o mercado como candidato mais alinhado à política de sucateamento das instituições públicas, para adaptá-las à uma realidade que exclui a população de menor renda do acesso aos bancos, o governador Eduardo Leite anunciou, sem nenhum pudor, que está quebrando a sua promessa de campanha, e encaminhando a privatização da CORSAN.
A justificativa, segundo o candidato tucano ao Planalto, seriam as mudanças ocasionadas pelo novo Marco Legal do Saneamento, devido à perda dos contratos de concessão. O ataque aos servidores públicos está sendo viabilizado graças à PEC 280/2019, de autoria do deputado Sérgio Turra (PP), que tramita na Assembleia Legislativa, permitindo a privatização de estatais gaúchas sem a obrigação da realização de plebiscito.
Com essa medida, que já está sendo pautada com urgência na Comissão de Constituição da Câmara dos Deputados do Rio Grande do Sul, o Banrisul fica cada vez mais próximo de ser privatizado, mesmo que o governador afirme que não pretende pautar a venda definitiva do Banco no seu governo.
Conforme relembra o diretor do Sindicato, Paulo Fouchy, que é funcionário do banco, em 2019, o movimento sindical, através dos bancários, dos funcionários da CORSAN e da PROCERGS conseguiram um vasto apoio, junto à Câmara de Vereadores, de diversos municípios, tanto da região metropolitana quanto do interior do estado, posicionando-se contra a PEC 280/2019. “A iniciativa, que obteve apoio de diferentes partidos políticos, revelou que existe um entendimento da importância da manutenção do caráter público de instituições como a CORSAN e o Banrisul”, enfatizou.
Para Rafael Silva, que é também diretor do Sindicato e funcionário do Banrisul, o processo de sucateamento do banco não é novo, mas, agora, em um contexto de avanço da política de digitalização do sistema bancário, avança sem que a própria sociedade se oponha à isso porque os governos anteriores contribuíram para criar uma imagem ruim do serviço público.
“Não é nenhuma surpresa o que está acontecendo. O governador esteve sempre disposto a arrumar uma desculpa para vender as instituições públicas, chegou a dizer que, devido aos gastos com a Pandemia, estas medidas seriam a única forma de compensar o investimento do governo. Mas quem acompanha e conhece esses movimentos políticos, sabe que essa é uma forma de fazer um aceno ao mercado financeiro, apresentando-se como uma opção viável ao bolsonarismo, em 2022, mesmo que, na prática, não se diferencie do modelo autoritário com que o governo federal trata das necessidades da população mais carente e dos direitos servidores públicos”, avalia Rafael.
Redação e Arte: Eduardo Menezes – SEEB Pelotas e Região