Pandemia desencadeia exaustão, medo e distúrbios da saúde mental nos bancários da Caixa
Diante do agravamento do cenário pandêmico no território nacional, do colapso do sistema de saúde e econômico, os trabalhadores do sistema financeiro, em especial os empregados da Caixa – tanto os que estão na linha de frente, no atendimento à população, quanto os que realizam trabalho remoto, com cargas excessivas de trabalho – têm sofrido com o desencadeamento distúrbios físicos e emocionais, chegando muitas vezes, à sensação de esgotamento.
De acordo com a psicóloga e professora de Psicologia da PUC de São Paulo e da Universidade Presbiteriana Mackenzie, que tem doutorado em Saúde Pública, Andréia De Conto Garbin, os estudos sobre saúde mental apontam que os trabalhadores que estiveram ou estão na linha de frente e exercem atividade essencial estão mais vulneráveis a experimentar exaustão física, medo, distúrbios emocionais, dores físicas e até problemas de sono. “Com o sentimento de perder o controle das situações que estão acontecendo na vida e no trabalho, com um temor frequente de que algo ruim possa acontecer para si e para os outros, muitos trabalhadores estão adoecendo”, afirmou Andréia.
A psicóloga alerta que esta condição de grandes incertezas, vivida no mundo inteiro e mais severamente no Brasil, tem repercussões importantes no funcionamento psíquico e cognitivo dos trabalhadores porque trazem cargas, demandas específicas, relacionadas tanto a exaustão quanto ao medo. “A convivência com esse temor que algo ruim possa acontecer diante da presença de um vírus que é invisível é uma constante nos relatos de muitos trabalhadores”, disse Garbin.
Entre os principais sintomas de vários depoimentos, estão presentes a fadiga, o cansaço, dificuldade de concentração, distúrbios ou alterações no sono ou alimentares, dores generalizadas, queixas de dores nos membros superiores, como dores de cabeça, entre outras. “São sintomas que podem culminar quadros de ansiedade e depressão, pois desencadeiam outras questões relacionadas a sensação de tristeza, aos pensamentos recorrentes sobre a doença e sobre a possibilidade de contaminar os familiares”, explicou Andréia.
Segundo a psicóloga, vale ressaltar também os impactos diferenciados do estado de isolamento físico para os que estão em home office que pode afetar inclusive o sentido do trabalho, ou seja, a identificação com o trabalho, somada a outras situações relacionadas com as questões de perdas de pessoas, de mortes ou escassez de recursos, podem causar um estresse pós-traumático. “São diferentes repercussões, mas todas elas vão se caracterizando a partir de uma situação de trabalho que reúne diversos fatores estressores, como uma intensificação do trabalho ou uma exposição ao risco de contaminação de si ou de outros”, afirmou.
COVID-19 como uma doença relacionada ao trabalho
A Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) e a Associação de Saúde Ambiental e Sustentabilidade (Asas) assinaram acordo de cooperação técnica para realização da Pesquisa “COVID-19 como uma doença relacionada ao trabalho” entre os empregados do banco público. O objetivo desse estudo é dar visibilidade a relação entre a atividade profissional e o adoecimento por Covid-19, tema que tem gerado dúvidas e polêmicas.
A pesquisa reúne profissionais renomados em Medicina do Trabalho, Saúde Pública e Saúde do Trabalhador e tem a finalidade de descobrir como o coronavírus se comporta no ambiente de trabalho.
A intenção é organizar um dossiê sobre os trabalhadores e a pandemia nos seus diversos aspectos, por meio de números, histórias de falecidos e sobreviventes, além de produzir um documentário.
A Fenae e outras entidades associativas e sindicais parceiras querem saber sua opinião. Participe da pesquisa! Sua identidade não será revelada. Basta clicar aqui para participar: www.congressointernacionaldotrabalho.com
Fonte: Fenae
Arte: SEEB Pelotas e Região