Idosos seguem sendo as principais vítimas da covid-19 no RS
Com a vacinação contra a covid-19 avançando no Rio Grande do Sul, onde 48% da população recebeu duas doses e 74% ao menos uma dose, a partir do começo de junho a quantidade de pessoas hospitalizadas começou a cair paulatinamente, fazendo com que a pandemia entrasse num cenário mais favorável. Desde o final de julho tem havido estabilidade na ocorrência de novas internações, hoje em patamares semelhantes ao começo da primeira onda. em junho de 2020.
Junto com a diminuição das hospitalizações, a quantidade de mortes também baixou muito, principalmente em relação ao pior momento da crise sanitária. Em setembro foram 490 mortes por covid-19 no RS até esta quarta-feira (29). Em comparação, no mês mais letal da pandemia, em abril, foram 8.440 óbitos.
Ao longo de toda a crise sanitária, os idosos foram a parcela da população mais afetada pelo coronavírus. A exceção foram os meses de maio, junho e julho, em que a quantidade de vítimas fatais entre pessoas de 40 a 59 anos foi equivalente a de pessoas entre 60 e 79 anos. Hoje, a análise dos dados mostra que os idosos voltaram a ser a faixa etária mais afetada pelo coronavírus.
A explicação decorre do sistema imunológico menos fortalecido, combinado com o fato dos idosos terem sido os primeiros a se vacinarem.
“Existem estudos que comprovam que, além da resposta imune nesses indivíduos acima de 60 anos ser menor, principalmente acima de 70 anos, quanto mais tempo transcorrido da vacinação no esquema primário, menor será a resposta imune. Então acontece que esses foram os indivíduos que tomaram a vacina no começo da campanha. Além de terem o sistema imunológico enfraquecido, também faz mais tempo que eles já receberam o seu esquema vacinal, e esse tempo transcorrido interfere e diminui a resposta imune”, explica Tani Ranieri, chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica, do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs).
Tani salienta que, além da idade mais avançada, a presença de comorbidades na população idosa eleva o risco de desenvolver a forma grave da covid-19. “São esses que têm um elevado risco de obter complicações quando infectados por covid e até mesmo irem a óbito. Então o que estamos vendo hoje é justamente isso.”
Em setembro, das 490 mortes registradas no RS, 237 foram de pessoas com idade entre 60 e 79 anos, representando 48,4% do total, e 142 óbitos de pessoas acima de 80 anos (29%). “Temos visto o acréscimo dessa faixa etária (idosos), mas claro que não no mesmo patamar de períodos anteriores”, pondera.
Por tudo isso, a chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica reforça a necessidade e a importância da terceira dose da vacina nos idosos, que começou a ser aplicada no Estado.
O último boletim epidemiológico do governo estadual mostra claramente o aumento nas internações de idosos. Ao contrário dos primeiros meses do ano, quando no período mais agressivo da pandemia muitos jovens se contaminaram e precisaram de atendimento hospitalar, o avanço da vacinação na faixa etária de adultos e jovens reverteu o problema para esse público.
O avanço da vacinação também tem protegido a parcela da população que ainda não se vacinou, por meio da chamada imunidade coletiva. O mesmo tem acontecido com relação às crianças na volta às aulas, menos suscetíveis ao vírus devido à imunização de professores, funcionários de escola e dos próprios pais.
“A vacinação é uma proteção individual, mas também é uma proteção coletiva. Então quanto maior o número de pessoas imunizadas, com duas doses, indiretamente as pessoas que, infelizmente, ainda não aderiram à vacinação, estarão mais protegidas porque há menos chance da circulação do vírus, se quebra essa cadeia de transmissão. Essas pessoas passam a ser beneficiadas quando se tem uma alta cobertura vacinal”, explica Tani.
Ainda assim, ela reforça a importância de todos se vacinarem. “No momento em que o indivíduo deixa de se vacinar por opção, ele está com maior chance de se infectar e, consequentemente, de transmitir o vírus para outras pessoas que por ventura não desenvolveram uma boa imunidade com a vacina ou não se vacinaram, o que cria a chance da reintrodução do vírus naquele grupo de pessoas.”
Fonte: Sul 21
Imagem: Canva Pro