Fim da escala 6×1: diretores do Sindicato participam de Audiência Pública
Logomarca do Banrisul mostra “roupa nova” mas esconde urgências antigas do banco
Com uma Praça da Alfândega amplamente iluminada com as cores azul, roxo e verde, O Banrisul lançou, na noite da última segunda-feira(23) sua nova logomarca, agora acompanhada do slogan, “Nossa Conexão Transforma”. Diretores do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários) estiveram presentes na ocasião e saudaram a nova identidade visual, no entanto, o que se percebeu foi uma clara contradição entre intenção e realidade.
Em sua saudação ao público presente, o presidente do Banco do Estado do Rio Grande do Sul, Cláudio Coutinho, fez questão de destacar que o banco “está de roupa nova”. No entanto, as urgências da instituição financeira seguem as mesmas que já são de conhecimento da categoria.
“Há uma década, o Banrisul tinha perto de 12 mil trabalhadores concursados. Hoje, o número de funcionários não passa dos 9 mil. Há demandas represadas para realização de concurso público e de investimento em tecnologia para atendimento e enquanto essas demandas se arrastam por mais de dois governos, a gestão de Coutinho decide investir pesado em um reposicionamento de marca. Acho que o rebranding é válido, mas em um momento em que os trabalhadores estão sobrecarregados dentro das agências e faz anos que não há concurso público, talvez o banco esteja errando na ordem das prioridades de investimento”, avaliou o presidente do SindBancários, Luciano Fetzner, ao término do evento.
Conforme o diretor de Comunicação do Sindicato, Gilnei Nunes, a nova logomarca veio para deixar o banco mais competitivo e em sintonia com a nova realidade do mercado financeiro, cada vez mais ágil, moderno e digital. Mesmo assim, o momento para este lançamento abre espaço para especulações.
“Por que lançar uma nova logomarca no final da gestão? Seria para deixar o Banrisul mais atrativo para novos compradores? Por que não pensaram um reposicionamento no início do governo de Eduardo Leite (PSDB)? O momento escolhido para a transformação da identidade visual e do slogan abre espaço para especularmos quais são os reais interesses por trás dessas escolhas. Os diretores do banco falam em sustentabilidade, pluralidade e modernidade, alteram a tipografia da fonte da marca, modernizam o símbolo que milhões de gaúchos e gaúchas já conhecem, porém, atendem aos interesses de um governo que já deixou claro que considera inevitável a privatização do Banrisul”, critica Gilnei.
Para ele, a declaração dada pelo ex-governador Leite ao jornal Zero Hora dizendo que privatização do banco é inevitável é irresponsável e pode estar relacionada às mudanças em sua identidade visual.
“Como uma empresa de economia mista que lucrou mais de R$ 948,5 milhões no último ano e que é responsável por injetar milhões de reais nos cofres público do estado pode ter sua venda decretada como inevitável? É esse o tipo de conexão transformadora que Coutinho e Leite querem? Uma transformação do público para o privado? Do que é de todos para o bolso de alguns poucos acionistas?”, analisou o dirigente sindical.

Pandemia não justifica atraso no lançamento da nova identidade visual
A pandemia de covid-19 não pode ser utilizada como justificativa para o atraso de quase 4 anos no reposicionamento da marca. Para Gilnei, empurrar este argumento para cima do povo é desafiar a inteligência de gaúchos e gaúchas.
“Para aprovar o fim do plebiscito que submetia à consulta popular a venda de empresas estatais gaúchas, Leite e sua base aliada na Assembleia Legislativa não perceberam a pandemia como um empecilho. Agora, dizem que foi a crise sanitária que dificultou a remodelação da logomarca do banco. Isto é desculpa para boi dormir, se Leite quisesse, já teria feito o reposicionamento em 2019. Acreditamos que o governo só está fazendo isso neste momento para preparar o banco para sua privatização. É hora de permanecermos vigilantes”, conclui o diretor do SindBancários.
Texto de Marcus Perez; Fonte: Imprensa SindBancários