Assédio Sexual: aliado de Bolsonaro, Pedro Guimarães pede demissão após acusações

O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, entregou seu pedido de demissão na tarde desta quarta-feira (29) ao presidente da república, Jair Bolsonaro. A decisão foi tomada depois que várias empregadas do banco o acusaram de assédio sexual.

Para a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, a saída de Pedro Guimarães da presidência da Caixa não é suficiente. “É preciso que seja contratada consultoria independente para apurar, inclusive, se houve conivência da alta direção, pois, se houve denúncias em órgãos internos, também é preciso saber porque as mesmas não foram encaminhadas”, disse. “Além disso, assédio sexual é crime previsto no Código Penal. Se as acusações forem comprovadas, é preciso que haja a devida punição, conforme define a Lei”, completou Juvandia.

Entenda o caso

Pedro Guimarães foi acusado de assédio sexual por várias empregadas da Caixa, informação divulgada na terça-feira (28), pelo site Metrópoles. Em poucos minutos a notícia ganhou repercussão nacional, em especial na Câmara dos Deputados, onde vários parlamentares pediram em plenário a demissão do executivo.

Segundo a reportagem, no fim do ano passado, um grupo de empregadas ligadas ao gabinete da presidência da Caixa, romperam o silêncio com uma denúncia, ao Ministério Público Federal (MPF), do assédio sexual que vinham sofrendo. Desde então, o MPF toca as investigações em sigilo. Cinco das vítimas falaram à reportagem citada sob anonimato.

Nos testemunhos, elas contam que foram abusadas com toques em partes íntimas sem consentimento, falas e abordagens inconvenientes e convites desrespeitosos, por parte do presidente da entidade. A maior parte dos relatos está ligada a atividades do programa Caixa Mais Brasil, realizadas em todo o país. Pelo programa, desde 2019, já ocorreram mais de 140 viagens, em que estavam Pedro Guimarães e equipe. Nesses eventos profissionais, todos ficam no mesmo hotel, onde ocorria o assédio.

A presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, disse que “o presidente da Caixa deve ser afastado imediatamente para não interferir nas investigações e para preservar a integridade das vítimas”. Juvandia demonstrou grande preocupação com as empregadas da Caixa que fizeram a denúncia. “As denunciantes precisam de proteção institucional irrestrita e imediata; desde já, toda a estrutura sindical do país se coloca à disposição delas”, disse.

NOTA OFICIAL

Nós, bancárias de todo o Brasil, manifestamos nossa indignação pelos atos de assédio sexual praticados por Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal, ganharam repercussão na noite de desta terça-feira, 28/06/2022, divulgados por diversos canais de comunicação, contendo trechos dos depoimentos das trabalhadoras assediadas.

Exigimos seu afastamento imediato, acolhimento e preservação das vítimas. Ressaltamos que, para que a apuração não seja contaminada e parcial, é imprescindível que Pedro Guimarães seja imediatamente afastado do cargo e seu contato com vítimas e testemunhas seja proibido. Exigimos ainda que seja contratada consultoria independente para que seja apurado se houve conivência da alta direção e se verifique se houve denúncias em órgãos internos e, se houve, o motivo pelo qual as mesas não foram encaminhadas.

Lembramos ainda que as condutas narradas constituem crime de assédio sexual previsto no Código Penal. Por isso, exigimos que os casos sejam investigados com seriedade pelos órgãos responsáveis e, se comprovados, que haja a devida punição, conforme define a Lei.

Além disso, ressaltamos que a categoria bancária conseguiu incluir na sua Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), em 2020, uma cláusula que estabelece a criação, pelos bancos, de canais de atendimento com procedimentos estabelecidos para casos de violência doméstica. As entidades de representação dos trabalhadores também estão criando seus próprios que podem contribuir para o acolhimento e proteção das vítimas também nos casos de assédio moral e sexual no trabalho.

Todas as nossas entidades sindicais se colocam à disposição das empregadas da Caixa e dos demais bancos para todo apoio necessário, tanto no que se refere ao incentivo a novas denúncias, como para o apoio psicológico e de garantias trabalhistas.

Reiteramos nossa luta por ambientes de trabalho saudáveis e seguros, pelo fim da violência contra a mulher e a devida punição para aqueles que violam a integridade física, sexual e moral das mulheres.

Basta! Não irão nos calar! Mexeu com uma mexeu com todas!

Juvandia Moreira
Presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT)

Fernanda Lopes
Secretária da Mulher da Contraf-CUT

Chay Candida
Secretária da Mulher da Fetrafi-NE

Clarice Weisheimer
Secretária da Mulher da Fetec-PR

Cristiana Garbinatto
Secretária da Mulher da Fetrafi-RS

Elis Regina
Secretária da Mulher da Fetec-CN

Elisa Ferreira
Secretária da Mulher da Feeb-SP/MS

Paula Rodrigues
Secretária da Mulher da Federa-RJ

Lara Lucia
Secretária da Mulher da Fetrafi-MG

Maria de Lourdes Alves da Silva
Secretária da Mulher da Fetec-SP

Nancy Alves de Andrade
Secretária das Mulheres da Feeb-BA/SE

Vivian Brum Teixeira
Secretária da Mulher da Fetrafi-SC

Cláudia Garcia de Carvalho
Secretária da Mulher da Fetraf-RJ/ES

Fonte: Contraf-CUT, com edições SEEB Pelotas e Região

Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino

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