PCMSO: Caixa obriga funcionários a viajarem mais de 200km

Há pelo menos seis meses, o Sindicato dos Bancários de Pelotas e Região vem buscando solução, junto à Caixa, para resolver a grave situação enfrentada por funcionários dos munícipios de sua base e, também, da cidade de Rio Grande, quanto à realização de exames do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).

Os relatos que chegam aos dirigentes sindicais são graves. Conforme explica o diretor Lucas da Cunha, existem denúncias de situações em que bancários, com sérios problemas de saúde, estão precisando se deslocar até Porto Alegre para ter acesso a serviços que, anteriormente, eram realizados no município onde residem ou mais próximos às suas residências. “As primeiras reclamações que recebemos se referiam ao PCMSO de retorno do INSS. Agora, além do problema persistir, recebemos novos relatos de problemas relacionados ao PCMSO periódico, que é obrigatório para todos empregados”, recorda.

Desumano

De acordo com o que foi apurado pela direção do Sindicato, as denúncias dão conta de que a Caixa está sujeitando os empregados a arcarem com o custo do Exame com a promessa de, posteriormente, ressarcir o empregado. No entanto, o Sindicato apurou que, apesar de custear as diárias para os funcionários que foram condicionados a esta situação, a Caixa não efetuou pagamentos relacionados às demais despesas, como deslocamento, hospedagem, entre outras. E, como se não bastasse, o Banco tem causado outros prejuízos de natureza psicológica a pessoas que já estão em tratamento médico.

“A Caixa está obrigando os médicos a assinarem o ASO, com respostas já pré-preenchidas ou negando pedidos de exames complementares, efetuados por estes médicos, o que sugere uma possível indução à fraude ou descaracterização dos riscos existentes nos locais de trabalho e atividades dos bancários”, denuncia Lucas.

Anteriormente, a Caixa contava com profissional credenciado para realização do PCMSO em todas as previsões legais, disponibilizando a realização da modalidade PCMSO obrigatório, inclusive nas dependências das agências e sem ônus aos empregados. A partir do descredenciamento deste único profissional, a Caixa passou a obrigar os empregados a realizarem as consultas em cidades localizadas a mais de 200km do local de trabalho dos seus empregados.

Denúncia grave

É o caso de uma funcionária da Caixa, de Pelotas, que preferiu não se identificar. Ela relata que, apesar de ter apresentado atestado médico informando a impossibilidade de viajar por questões de saúde, teve de viajar para realizar o PCMSO na cidade de Porto Alegre, conforme demanda da CEREP. Ela conta que embarcou para a viagem às 8h, na rodoviária de Pelotas, e retornou às 16h, mas não teve o reembolso das despesas com transporte.

A situação torna-se ainda mais grave considerando que a referida bancária é “mãe solo”, de um menor autista, e sua asusência prolongada afetou, também, a saúde do filho. “Como tive que sair de casa cedo, e retornei ao fim do dia, acabei não tendo contato com ele, o que acabou desencadeando crises em meu filho. Este era mais um motivo para que eu não viajasse, além da requisição médica”, explica a bancária. Conforme o resultado do PCMSO, ela foi considerada inapta para retornar ao trabalho, causando surpresa na médica a sua situação, já que, mesmo com atestado médico, teve de se deslocar até Porto Alegre para realizar o exame. “No momento da consulta eu estava em crise de pânico/ansiedade”, denuncia a funcionária da Caixa.

Providências estão sendo tomadas

“Procuramos a Caixa por diversas vezes desde os primeiros relatos, mas a situação ficou insustentável após os últimos acontecimentos, em especial o fato de colegas com afastamento por problemas psicológicos como depressão e síndrome do pânico serem obrigados a se deslocar até Porto Alegre para realizar um procedimento que é responsabilidade da empresa e que, historicamente, era realizado na cidade do empregado”, desabafa o diretor Lucas da Cunha.

Depois da insistência da direção do Sindicato, a Caixa prometeu respostas aos questionamentos de seus diretores em três oportunidades, somente na semana passada, mas até o momento ainda não se posicionou de forma definitiva sobre as graves denúncias. “Não é esta atitude que esperamos de uma empresa pública e que preza pela saúde dos seus trabalhadores. Estamos estudando outras medidas para responsabilizar a Caixa pelo que está ocorrendo e não mediremos esforços para solucionar esta situação”, enfatizou o diretor do Sindicato.

Redação: Eduardo Menezes – SEEB Pelotas Região

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