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Negras e negros ocupam pequena parcela das vagas e são minoria no sistema financeiro
As propagandas dos maiores bancos do Brasil e do mundo costumam destacar uma suposta valorização da pluralidade e da diversidade. No entanto, essa valorização não se traduz em representatividade nos quadros de empregados, especialmente em cargos mais altos.
A desigualdade racial é facilmente percebida ao frequentar qualquer instituição financeira. Os números comprovam a percepção e expõem a preocupante realidade. Segundo dados apresentados no VII Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a participação de negras e negros no sistema financeiro ainda está longe da representatividade que possuem na população geral (55,5%).
Em 2021, de um total de aproximadamente 450 mil trabalhadores e trabalhadoras bancários, 110 mil se declaravam negros, o que representa apenas 24,4%. Esta representação é ainda menor quando analisados os cargos de liderança. Em 2021, pretos e pardos representavam 20,3% da totalidade das ocupações relacionadas aos cargos de liderança na categoria bancária, enquanto os brancos representavam 75,5%.
O espaço de jovens negros e negras na categoria bancária também é preocupante. A juventude com até 29 anos, em 2021, representava apenas 17,8% em sua totalidade. Dentre os jovens, apenas 31,6% eram negros e em maior número entre 18 e 24 anos.
Os dados escancaram a necessidade de políticas sociais mais firmes para que o racismo estrutural seja de fato combatido, não apenas no sistema financeiro, mas em todos os setores e na sociedade em geral. O discurso está alinhado, as propagandas estão alinhadas, o dinheiro dos negros e negras interessa. Resta alinhar o discurso com a prática e as ideias com a realidade.
Projeto Mãos que Movem
Em outubro de 2023, a bancária Mariana Gomes Garcia e seus colegas de trabalho criaram o Projeto “Mãos que Movem”, cujo intuito é auxiliar jovens da periferia a ingressarem em alguma instituição financeira da cidade de Pelotas ou da Região. A primeira ação do grupo foi promover um curso de suporte para a obtenção da certificação CPA10, que é válida tanto para quem deseja trabalhar em Cooperativas de Crédito quanto em bancos públicos ou privados. Um jovem já garantiu a certificação após a participação no projeto.
O Sindicato, desde então, está engajado nessas ações locais, embora lute por políticas abrangentes. O objetivo é contribuir para o aumento da representatividade. Alguns jovens tiveram a oportunidade de conhecer diversas agências bancárias de Pelotas, entre outras ações. O atual foco é viabilizar novos cursos preparatórios para jovens negros e negras da periferia da cidade e da região, possibilitando a entrada no sistema financeiro.
Os interessados em colaborar com o projeto Mãos que Movem podem ajudar através de doações para o pix [email protected]. Outros métodos de colaboração podem ser sugeridos aos responsáveis pelo projeto no perfil do Instagram.