Encontro Estadual do Itaú destaca lucratividade do banco e pautas a serem debatidas nacionalmente
Atividade preparatória para o evento nacional, o Encontro Estadual do Itaú-Unibanco reuniu trabalhadores do RS, de modo virtual, no último sábado (1º/6), para debater sobre o contexto do banco e as principais pautas de interesse dos bancários. O encontro foi conduzido pelo diretor do SindBancários Porto Alegre e Região e representante do estado na Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú, Eduardo Munhoz. A programação começou com a apresentação dos destaques do balanço do banco no ano passado e no primeiro trimestre de 2024, feita pela economista do Dieese, Vivian Machado.
Ela salientou o momento positivo do Itaú, com lucros somando R$35,6 bilhões em 2023, alta de 15,7% em relação ao ano anterior. O resultado contrasta com a redução nos lucros dos outros grandes bancos privados no período, Bradesco (-21,4%) e Santander (-27,3%). Em 2024, o Itaú deve manter os bons resultados, segundo Vivian, com projeção de fechar o ano com rentabilidade entre R$40 e R$42 bilhões. No primeiro trimestre, o banco registrou lucro de R$9,7 bilhões, superando o resultado do Santander de todo ano passado. E a previsão é de, no segundo trimestre, superar o lucro de 2023 do Bradesco.
O balanço mostrou aumento nas despesas do Itaú com pessoal, em função das negociações coletivas, com obtenção de reajuste nos salários e benefícios, como Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Apesar disso, houve cortes no número de trabalhadores e de agências. De março de 2023 a março deste ano houve diminuição de 5,1% nos colaboradores do país (-3,5 mil postos de trabalho). No ano passado, o banco fechou 180 agências em território nacional.
Munhoz destacou o bom momento do Itaú, com crescimento consistente nos últimos anos e projeções positivas para 2024. “Vimos que o Itaú vai bem, obrigado! Isso se deve ao empenho dos trabalhadores, assim, esperamos que os bancários sejam reconhecidos e tenham suas reivindicações atendidas pelo banco”, defendeu o diretor do SindBancários.
Após a apresentação do balanço, foi a vez do coordenador nacional da COE, Jair Alves, comentar sobre os debates que vêm sendo realizados com o Itaú e apresentar as pautas a serem levadas para discussão no Encontro Nacional dos trabalhadores do banco e na Conferência Nacional dos Bancários. Ele salientou o investimento do banco no mercado digital, com intuito de competir com as fintechs. “Hoje o Itaú está 80% na nuvem. Isso não significa o fim das agências físicas, mas uma concentração maior nas localidades periféricas. Nos grandes centros urbanos já é mais difícil achar agência física”, afirmou.
Sobre as discussões a serem realizadas com o banco neste ano, Alves citou a representação de trabalhadores que realizam serviços bancários mas não são classificados como parte da categoria, totalizando cerca de 4 mil profissionais no país, segundo ele. O tema será debatido no Encontro Nacional dos trabalhadores do Itaú, a ser realizado nesta quinta-feira (6). Outras pautas a serem levadas ao evento são convênio médico e diversidade. Com relação ao convênio, o coordenador reforçou a necessidade de uma reestruturação e renovação do acordo com o banco, a fim de discutir itens como a manutenção do plano para os trabalhadores após a aposentadoria.
Diversidade é um dos temas a serem debatidos em encontro nacional
No que se refere à diversidade, o coordenador da COE colocou a necessidade de equidade salarial entre grupos minoritários e também da alocação de mais profissionais mulheres, negros, trans, indígenas, PCDs em funções de visibilidade nas agências. O diretor de Diversidade e Combate ao Racismo do SindBancários, Sandro Rodrigues, pontuou que o debate é de extrema importância. “No Sindicato nós fizemos uma pesquisa sobre diversidade, para levar as informações aos bancos e contribuir para adoção de medidas de inclusão. Os bancos já adotaram algumas iniciativas nesse sentido, mas ainda há muito a avançar. A contratação de pessoas trans negras, por exemplo, ainda é rara e, quando ocorre, ficam nos bastidores. Precisamos promover esse debate nacionalmente e buscar alterações nas políticas de inclusão dos bancos”, defendeu.
Para a secretária de Combate ao Racismo da CUT-RS e diretora da Fetrafi-RS, Isis Garcia Marques, é necessário combater a invisibilização dessas pessoas no mercado de trabalho e proporcionar maior inclusão no meio bancário. “Enfrentamos grandes desafios, o racismo estrutural se mostra de forma gritante neste momento de calamidade climática no RS. Vemos que as pessoas mais afetadas são negras, moradoras de locais periféricos. Por isso, a questão da inclusão precisa ser um debate constante, com definição de iniciativas concretas. Queremos pessoas das mais diversas dentro do sistema financeiro, deixando de lado estereótipos, para que possamos buscar um mundo mais justo e igualitário”, disse.
Rodrigues comentou ainda sobre as ações do SindBancários em apoio à população afetada pelas enchentes no estado, como a campanha Solidariedade em Dobro, em que a entidade dobra o valor doado pelos associados. “Estamos também com arrecadação de doações, como roupas, alimentos, produtos de limpeza, e fornecimento de 700 marmitas por dia para pessoas em situação de rua e demais atingidos pela catástrofe”, comentou. Mais informações podem ser obtidas neste link.
O representante do RS na COE salientou que o momento exige compreensão e solidariedade, e não cobrança de metas. “O encontro dos trabalhadores do Itaú foi excelente, conseguimos colocar os eixos a serem debatidos no encontro nacional e apontar nossa preocupação em função da calamidade no estado. Pedimos que aqueles colegas que sofrerem pressão para atingir metas neste momento procurem o Sindicato para que possamos intervir”, concluiu Munhoz.
Também acompanharam o encontro outros dirigentes do SindBancários que são trabalhadores do Itaú: diretor Administrativo, Antônio Augusto Borges; diretora de Saúde e Condições de Trabalho, Jamile Chamun; diretor Rodrigo Rodrigues; diretor de Formação, Jairo Soares; diretora da Secretaria Executiva, Daniela de Souza; além de representantes de outras entidades sindicais.
Fonte: SindBancários Poa e Região