Tragédia ambiental do RS pautou o 31º Encontro Nacional dos Banrisulenses

A tragédia climática que devastou o estado do Rio Grande do Sul no mês de maio foi o centro do debate durante o 31º Encontro Nacional dos Banrisulenses, que aconteceu de forma virtual na tarde do último sábado, 1º de junho. Dada a importância e urgência do tema, aprovou-se uma nova cláusula voltada exclusivamente para bancários e bancárias do Banrisul que porventura venham a ser afetados futuramente por algum tipo de calamidade. 

Demandas pertinentes como estímulo remuneratório especial para os Operadores(as) de Negócio, retorno dos caixas fixos a quem foi descadastrado, reconhecimento do tempo dispensado para tratar da saúde dos(as) filhos(as) como licença saúde do empregado(a), garantia de recebimento da mesma gratificação recebida pelo substituto a quem substituir empregado(a) comissionado(a) e criação de Canal de Denúncias para todos os tipos de assédio, estão também no documento aprovado.

Metas 

O diminuição das metas para o próximo semestre, tendo em vista a tragédia que se abateu sobre o estado, foi colocada pelos participantes como fundamental no próximo processo de negociação com o Banrisul. Destaque para as metas relativas à venda de maquininhas da Vero. “O comércio, em boa parte dos municípios, está destruído”, lembrou Gérson Kunrath, presidente do Sindicato dos Bancários do Vale do Caí. Nessa mesma linha, Ana Betim, do Sindicato dos Bancários do Vale do Paranhana e diretora da Fetrafi-RS, defendeu que o debate sobre a reconfiguração das metas para baixo esteja entre as prioridades na mesa de negociação com o banco. “Tivemos cidades que ficaram submersas, vários colegas perderam tudo. Não dá para trabalhar sobre os parâmetros de antes da tragédia”, disse. 

Reconstrução

Reconstruir o Rio Grande do Sul passa necessariamente pelo Banrisul e demais bancos públicos do estado. Por isso é necessário ficar de olho nos recursos que vieram e ainda estão chegando do governo federal para que boa parte deles entre via bancos públicos e assim possa se fazer uma política mais justa de distribuição. “Neste momento, o Banrisul tem que estender a mão aos trabalhadores e à sociedade gaúcha e ser a mola propulsora da reconstrução do estado. O banco não terá dificuldade de cumprir com nossa pauta se parte desse dinheiro passar por ele”, defendeu Cleberson Pacheco Eichholz, presidente do Sindicato dos Bancários de Florianópólis e Região (Sintrafi).

Nessa mesma linha, Fábio Soares ressaltou que o Banrisul precisa entrar na operação das linhas de crédito que estão vindo da União para garantir que os recursos enviados cheguem para os trabalhadores. “Se esse dinheiro cair nas mãos dos grandes empresários, a tragédia vai ser ainda maior, porque o banco vai usar o argumento da catástrofe climática para não atender nossas pautas econômicas”, alertou. Soares atentou para o fato de que a concessão de crédito a juros baixos para ajudar na retomada da economia do estado passa também pela discussão da taxa selic, que teve uma freada na queda, na última reunião do Copom. 

Eduardo Poffal, do Sindicato dos Bancários de Rio Grande, reforçou a tese de que a reconstrução do estado deve passar pelo Banrisul e demais bancos públicos do estado. “Vencemos uma pandemia, um governo fascista e a gestão Coutinho. Temos uma batalha gigantesca pela frente, mas a nossa força coletiva é gigante também. Então agora é olhar pra frente, organizar a casa e seguir na luta por mais valorização profissional e espaços de trabalho mais saudáveis”, disse.  

Raquel Gil de Oliveira, diretora da Fetrafi-RS, aproveitou o gancho da “reconstrução do estado que passa pelos bancos públicos” e convidou os presentes a participarem do grande debate que vem acontecendo nos últimos meses sobre o papel dos bancos públicos na economia do estado. “A defesa do Banrisul como banco público estará sempre em pauta, por isso o Fórum em Defesa do Banrisul vem promovendo audiências em vários municípios para falarmos sobre o protagonismo que Banrisul, Badesul e BRDE devem assumir na economia do Rio Grande do Sul. Fiquem atentos aos próximos encontros e participem!”. 

Balanço 1º Trimestre 

Após as falas de abertura da mesa, o economista Alisson Droppa, do Dieese, apresentou o balanço do primeiro trimestre do Banrisul. Em destaque, a redução do lucro líquido em 38,3% em relação ao primeiro triemestre de 2023, tendo como vilão o aumento das despesas de provisão para perdas de créditos (confira o documento na íntegra). “O resultado pode piorar no segundo trimestre devido às enchentes, com queda de 35% no lucro do Banrisul, de acordo com consultoria do Bradesco”, informou o economista. 

Segundo Droppa, um levantamento da Faculdade de Economia da UFRGS aponta que serão necessários cerca de R$ 100 bilhões para reconstruir o estado do RS. 

Estado mínimo

Denise Falkenberg, diretora da Fetrafi-RS, trouxe ao debate a questão do estado mínimo como central no contexto das enchentes no RS. Afinal, ficou comprovado que foi a falta de investimento dos governos que resultou na maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul e do Brasil. Por isso, ela defendeu a derrubada dos governos neoliberais e o fortalecimento dos bancos públicos como cruciais para se vencer a crise e evitar futuras catástrofes como essa. “Nossa geração tem a tarefa histórica de reconstruir o estado sobre outras bases. E isso se dá tanto nas disputas no dia a dia, dentro do banco, como nos períodos de eleição”, ressaltou.

Prioridades 

Diante das incertezas em relação ao futuro da economia no estado, o presidente do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região, Luciano Fetzner, sugeriu que o debate com o banco se concentre na redução das metas e que outras questões, como renovação da PPR, fiquem para mais adiante. “Vamos esperar para ver os resultados do segundo trimestre, porque o banco com certeza vai usar o argumento da crise para negar os itens da pauta que envolvem mais gastos. Há muitas pautas que não envolvem dinheiro, são econômicas com as quais podemos trabalhar agora”, observou.

Aprovadas a pauta e uma moção relativa aos Operadores de Negócio, a plenária seguiu com a palestra do professor Valério Pillar, professor titular do Departamento de Ecologia do Instituto de Biociências da UFRGS, coordena a rede de pesquisas Campos Sulinos, que falou sobre a crise climática. 

Fonte: Fetrafi-RS

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