Fernando Marroni diz que é preciso rever o plano diretor e rediscutir a ocupação dos espaços urbanos em Pelotas

Pré-candidato à Prefeitura de Pelotas pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Marroni deixou a presidência da Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S.A (Trensurb) para concorrer às eleições municipais

Com a proximidade das eleições municipais, em todo o país, diversos segmentos da sociedade começam a se mobilizar em torno de um projeto político que possa, de fato, atender aos anseios do conjunto da população. No Rio Grande do Sul, inevitavelmente, uma pauta está se sobrepondo às demais, devido ao atual momento de crise climática pelo qual passa o Estado. Conforme dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), somente na atividade econômica, o impacto ocasionado pelas cheias chegou a 94,3%.

Em entrevista ao Programa Contraponto, desta terça-feira, dia 11 de junho, o ex-prefeito de Pelotas, Fernando Marroni (PT), falou sobre a urgência de se pensar melhor este tema e criticou a falta de um planejamento adequado para lidar com eventos extremos em Pelotas. “Nós corremos um risco muito sério, tendo de fazer a correção do nosso sistema de proteção em pleno evento. Isso porque foi feito o asfaltamento sobre a Estrada do Engenho, mas esse asfaltamento era para ter sido feito na cota de 4 metros. Como ele ficou abaixo, com a perspectiva de que esta cota seria superada, ultrapassando o dique, foi uma correria para que outros materiais fossem sobrepostos e evitassem que a água do São Gonçalo invadisse toda a zona leste da cidade”, avaliou.

Marroni também ressaltou que a iniciativa de aumentar, de forma emergencial, o dique de contenção, nesta área, resultou de uma mobilização de empresários locais. “Toda essa mobilização, colocando um material que pudesse trazer um pouco mais de segurança, no local, foi sobreposto a uma obra asfáltica que havia sido dada como concluída pela Prefeitura. Essa falta de planejamento poderia ter provocado um desastre, aqui, porque não haveria sistema de bombas capaz de tirar a invasão de toda essa água do São Gonçalo sobre a cidade, disse.

Ao alertar para a necessidade de se aprender com a enchente, o pré-candidato do PT à Prefeitura de Pelotas chamou a atenção, ainda, para a revisão da ocupação dos espaços urbanos em áreas alagadiças. “A proteção do dique cumpriu aquilo que foi desenhado, mas não é uma segurança para o futuro. Precisamos rever o nosso plano diretor, temos que aprender com essa enchente e evitar ocupar estas áreas. Além disso, temos que retomar as áreas que eram margens do São Gonçalo e que foram ocupadas e aterradas, tratando deste conceito que existe, hoje, no mundo inteiro, que são as ‘cidades esponja’, capazes de segurar as águas, abandonando essa prática de fazer canais de concreto, pois ela só tem um sentido: acelerar o fluxo da água e provocar muito mais danos”, enfatizou.

Ainda sem a confirmação do nome que irá compor a sua chapa, como candidato à vice-prefeito, Marroni destacou a importância do diálogo na busca de uma composição que esteja atenta a todos os desafios que a gestão de uma cidade do porte de Pelotas sugere. Ele também cobrou que a Prefeitura assuma o protagonismo do desenvolvimento econômico do município, abandonando o ideário liberal de que o mercado resolveria os problemas estruturais que se apresentam como desafios. “A Prefeitura precisa ir atrás de novos investimentos, a cidade carece de desenvolvimento industrial e nós temos vantagens comparativas importantes, inclusive neste momento que estamos vivendo de catástrofe ambiental” disse.

Marroni chamou a atenção, por fim, para o fato de que o desemprego tem sido uma das principais queixas em Pelotas. “Antes do desastre ambiental, o que as pessoas mais reclamavam, no município, era sobre os problemas na área da saúde, da educação e, sobretudo, do desemprego. Evidentemente que a questão da infraestrutura, como a situação das ruas, a pavimentação e a limpeza urbana também são reclamações constantes e isso chega ao nosso conhecimento atrelado a um sentimento, unânime, de que a cidade está abandonada, mas este tema do emprego, em Pelotas, se mostra diferente de outras localidades pela atual incapacidade de geração de emprego no município”, destacou.

Redação: Eduardo Menezes

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