Sinais no sul das queimadas no norte

Chuva preta e céu cinza ou alaranjado são sinais da poluição causada pelas queimadas nas regiões sudeste, centro-oeste e norte do país, a qual não se restringe aos locais afetados. Afinal, a poluição não respeita limite de fronteiras regionais ou até mesmo entre países. Para falar sobre os fenômenos originados pelas queimadas, o professor do curso de meteorologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Marcelo Alonso, compareceu ao programa Edição da Manhã da RadioCom nesta segunda-feira.

 “Esse tipo de fenômeno é raro, mas já ocorreu em outros anos aqui no Rio Grande do Sul. Ele está associado a toda essa poluição causada pelas queimadas nas regiões centro-oeste, norte e sudeste. Essas queimadas promovem a ejeção de material diretamente para a estratosfera inferior lá em altitudes mais elevadas, cerca de 2,5 metros onde já começa a ter a presença de fumaça, que acaba sendo transportada por ventos de níveis mais altos e médios para a região sul. É o mesmo jato que traz a umidade da Amazônia para o nosso estado. Só que está trazendo também muita fuligem, material particulado fino e gazes”, comentou Alonso.

 CAUTELA – Especialista em poluição, Marcelo Alonso, destacou que não há motivo para preocupação em exagero, porque a chuva preta, embora tenha algum grau toxicidade, não apresenta risco maior a saúde humana ou a ocorrência de danos materiais – por exemplo, automóveis expostos à chuva nos últimos dias. “A curto e médio prazo não pode ser caracterizada como chuva ácida, porque essa fuligem não altera o pH d’água”, disse. Da mesma forma, Alonso pede cautela sobre informações de que a fumaça estaria aumentando o número de internações hospitalares de idosos e crianças com problemas respiratórios – inclusive no sul do país. Segundo ele, a poluição gerada pelas queimadas pode influir, mas o fator principal continua sendo o ar úmido (caso de Pelotas) ou seco demais como nos estados atingidos pela prolongada estiagem – exceção às pessoas das regiões onde ocorrem os incêndios.

 Marcelo Severo informou que a tendência é de uma primavera como menos chuva do que nas estações anteriores no Rio Grande do Sul. “O que se espera é um déficit de precipitação, mas nenhuma estiagem muito considerável. A La Niña está com 70% de chance de ocorrer no Oceano Pacífico, provocando escassez de chuva para nosso estado, mas está com percentual alto (em torno de 70%) de começar fraca. Os climatologistas estão observando agora que, embora essa La Niña comece fraca, a tendência é seja persistente nos próximos dois anos, o que pode causar uma diminuição de chuvas nesse período”, finalizou.

Fonte: RádioCom / Caldenei Gomes 

Imagem: CBMMS

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