Fechamento acelerado de agências bancárias: o banco que não pensa nas pessoas

A desativação das agências físicas prejudica os bancários e afasta clientes, especialmente os mais vulneráveis, ao priorizar a digitalização em vez do atendimento humano.

O fechamento acelerado de agências bancárias nos últimos anos é um reflexo alarmante de uma transformação no setor financeiro, cada vez mais digital e distante das necessidades da população. De acordo com o DIEESE, desde 2019, 222 agências foram fechadas só no Rio Grande do Sul, evidenciando a rapidez dessa reestruturação. No entanto, a situação é ainda mais grave do que os números oficiais indicam. Bancos como o Santander têm adotado práticas questionáveis para mascarar os impactos dessa mudança, como a fusão de agências em um único espaço físico. Com isso, duas ou mais agências são unificadas, mas, para o Banco Central, continuam operando “teoricamente”, criando uma distorção nos dados e uma falsa impressão de continuidade.

Em 2024, o Banrisul fechou 6 agências físicas. Já no Bradesco, a situação é ainda pior: 42 agências foram fechadas de 2019 para cá, conforme registros do sindicato. Esses números demonstram o movimento de desativação das agências, que desconsidera o impacto social e econômico nas comunidades, especialmente nas mais vulneráveis, que dependem do atendimento presencial. A busca incessante por lucros tem gerado a exclusão de milhares de clientes, sem considerar a necessidade de um atendimento humanizado e acessível.

Além disso, as condições de trabalho se tornaram predominantemente remotas, muitas vezes sem opções de escolha por parte dos funcionários. Muitos se veem forçados a adaptar-se a estruturas precárias em casa, sem a infraestrutura adequada para desempenhar suas funções de forma eficiente e saudável. Essa realidade dificulta a fiscalização de práticas como o assédio moral, já que o distanciamento físico limita a atuação do sindicato na defesa dos direitos dos bancários.

Outro ponto crítico é o afastamento dos clientes, especialmente daqueles com dificuldades tecnológicas. A falta de agências físicas impede o atendimento humanizado e deixa muitos, como idosos que recebem aposentadoria, sem a opção de contato pessoal, o que gera desconforto e insegurança. A digitalização do atendimento e a substituição de funções humanas por robôs são reflexos de um modelo bancário voltado exclusivamente para o lucro, sem considerar as reais necessidades da população.

Falha no suporte: clientes à mercê da tecnologia

Quando os serviços digitais falham, como aplicativos bancários com erros ou dificuldades, os clientes se veem sem suporte. A solução automatizada e a busca por um atendimento 100% digital, embora visem reduzir custos, criam uma lacuna no atendimento, deixando muitos sem alternativas. Clientes, especialmente os mais velhos e os que não têm acesso à tecnologia de ponta, ficam sem assistência em momentos críticos, ampliando ainda mais a exclusão social gerada pela transformação digital imposta pelos bancos.

Terceirização: subterfúgios para reduzir custos

A terceirização de funções tem se intensificado no setor bancário, precarizando ainda mais as condições de trabalho dos bancários. Essa prática é uma estratégia para burlar as convenções coletivas e reduzir os custos com mão de obra, disfarçando a não observância das obrigações trabalhistas.

A empresa Pulse Client Experts (antiga SX), do Santander, é um exemplo claro dessa prática. Trata-se de uma terceirização disfarçada, em que trabalhadores são contratados em outra função para realizar o serviço de bancário. Isso faz com que o banco não precise pagar conforme as convenções coletivas da categoria. Esse tipo de manobra não só reduz os direitos dos trabalhadores, como também cria uma divisão entre as funções essenciais e aquelas atribuídas às empresas terceirizadas, enfraquecendo as condições de trabalho e a qualidade do atendimento, e deixando dados sensíveis dos clientes mais vulneráveis. Os trabalhadores dessas empresas enfrentam condições precárias, salários menores, benefícios reduzidos e a insegurança de não ter garantias dos direitos conquistados pelos bancários.

O Que Está em Jogo: Um Modelo Bancário Excludente

O fechamento das agências e as condições de trabalho degradantes expõem a face cruel do setor bancário: a busca incessante por lucros, sem qualquer preocupação com a qualidade do atendimento ou com as necessidades reais das pessoas que dependem desses serviços. A transformação digital e a substituição das funções humanas por tecnologia são reflexos de um modelo que visa maximizar os ganhos, independentemente das consequências para a sociedade.

É urgente que os bancários se unam para defender um modelo de atendimento mais justo, que priorize as pessoas acima dos interesses financeiros. Precisamos de um setor bancário que valorize seus funcionários e que se preocupe com os clientes, especialmente aqueles que não têm acesso às facilidades digitais e necessitam de um atendimento próximo e humano.

Chegou a hora de dar voz a todos que, silenciosamente, têm sido excluídos desse processo de modernização: os bancários e os clientes. Devemos lutar por um modelo bancário que seja verdadeiramente inclusivo e voltado para as necessidades reais da população.

Fonte: SindBancários Poa e Região

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