Sindicato promove ato em frente ao Santander e denuncia precarização do trabalho bancário

O Sindicato dos Bancários de Pelotas e Região, por meio de seus diretores e diretoras, promoveu um ato em frente à agência do Santander, localizada no centro de Pelotas, ao longo de toda a manhã desta terça-feira (15). A manifestação referente a Campanha Nacional de Luta do Santander denuncia a precarização do trabalho e as ameaças à categoria bancária.

O diretor Fábio Silveira, trabalhador do banco Santander, avaliou o ato positivamente. “Foi uma oportunidade de conversar com os colegas e com os clientes a respeito da precarização, especialmente em relação à terceirização desenfreada que reduz direitos, enfraquece a categoria bancária e a classe trabalhadora como um todo”, declara o sindicalista. “Outros atos serão realizados ao redor de todo o país em novas oportunidades, dada a importância desta pauta e o crescimento constante da precarização, que combatemos incansavelmente”, completa Fábio.

De 2019 a 2023, a categoria bancária perdeu 27 mil postos de trabalho no Brasil, segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). Ao contrário dessa tendência nacional, o Grupo Santander aparenta ter ampliado seu quadro funcional, saindo de 47,8 mil empregados em 2019 para 55,6 mil em 2023. Mas o que parece uma boa notícia, na prática esconde uma estratégia perversa do banco: a substituição de bancários por trabalhadores contratados em empresas coligadas e controladas
da holding Santander, com direitos inferiores e fora da convenção coletiva da categoria bancária.

Mesmo com o fechamento de 10% de suas agências no período (272 a menos) e a redução real de 6% das despesas de pessoal, o número de empregados cresceu. A explicação está na movimentação interna das despesas e da força de trabalho: enquanto as despesas de pessoal na estrutura do Banco Santander caíram 22%, nas controladas e coligadas aumentaram 126%. Ou seja, o banco está terceirizando sua própria força de trabalho. Empresas como a F1rst, com CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) de “desenvolvimento de software sob encomenda”, e a Tools, classificada como prestadora de apoio administrativo.

Hoje, estima-se que 54% dos empregados estejam no banco e 46% nas demais empresas da holding. No entanto, os bancários ainda respondem por 73% das despesas de pessoal, enquanto os trabalhadores restantes ficam com apenas 26%. Isso mostra o claro objetivo: reduzir custos precarizando o trabalho.

O impacto disso é gigantesco: além de fragilizar a organização sindical, a estratégia compromete salários, PLR, benefícios, direitos e condições de trabalho — pilares da nossa luta histórica. Ao enfraquecer os bancários e esvaziar a CCT (Convenção Coletiva de Trabalho), o Santander promove uma desvalorização sistemática da categoria.

Tudo isso impulsiona o lucro do banco, que em 2024 lucrou R$ 13,8 bilhões, com crescimento de 47,8%. No entanto, esse lucro não fica no país: mais de 90% das ações do Santander Brasil estão nas mãos de grupos internacionais, sobretudo na Espanha e na Holanda. Ou seja, o dinheiro que deveria gerar empregos e investimentos no país, vai embora na forma de remessa de lucros.

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