De olho no Banrisul: Bradesco convida deputados para reunião
Deputados estaduais, que fazem parte de lideranças de bancadas em seus partidos na AL/RS, foram escolhidos a dedo por uma executiva de uma empresa subsidiária do Banco Bradesco com interesse direto no Banrisul. A executiva Josefine Backe enviou a parlamentares da base do governo Sartori e até mesmo da oposição, em 30 de junho passado, um convite por e-mail para reuniões de até uma hora “para comentar sobre os projetos de 2017, principalmente sobre o Banrisul e os possíveis novos acontecimentos”.
Para o SindBancários, é de, no mínimo, causar estranheza que uma executiva do Bradesco BBI, braço internacional do Bradesco voltado a aquisições, fusões e negócios, entre em contato com deputados estaduais após o deputado Marcel van Hattem (PP) apresentar duas emendas que incluem o Banrisul no processo de privatização via plebiscito no ano que vem. Dizemos causar estranheza porque sabemos que o governo de José Ivo Sartori tem uma visão privatista do Estado e quer entrar no Regime de Recuperação Fiscal, produzido e aprovado pelo Governo Temer, para rolar a dívida do Rio Grande do Sul por três anos.
Não é a primeira vez que banqueiros demonstram interesse no Banrisul. Em outubro de 2015, o governador José Ivo Sartori chegou a receber o presidente internacional do Banco Santander no Palácio Piratini, acompanhado de funcionários do primeiro escalão do governo e do presidente do Banrisul, Luiz Gonzaga Veras Motta. Na ocasião, o governo Sartori pensava em fatiar o banco, entregando a Banrisul Administradora de Cartões e a Banrisul Seguradora ou derrubar a obrigatoriedade do plebiscito do artigo 22 da Constituição Estadual. Como, no mês passado, ele não teve votos para alterar a Constituição, agora aposta todas as suas fichas no plebiscito.
De fato, as emendas do deputado Marcel van Hattem (PP) foram protocoladas em 13 de junho passado na Assembleia Legislativa. Apenas 17 dias depois, a executiva do Bradesco BBI enviou emails para deputados da Assembleia Legislativa. O Bradesco BBI, como diz em sua página na internet (www.bradescobbi.com.br) é um “Banco de Investimento da Organização Bradesco, é responsável pela originação, estruturação, execução e distribuição de operações nos segmentos de renda variável, renda fixa, operações estruturadas, fusões, aquisições e financiamento de projetos”.
Alternativas para enfrentar a crise
O governador quer arrastar o Estado para o terrível Regime de Recuperação Fiscal em que a contrapartida do Estado é vender empresas públicas para ficar três anos sem pagar a dívida pública. O problema é que o estoque da dívida, de cerca de R$ 50 milhões, vai crescer. Estimativas apontam para a cobrança de juros dos credores nos três anos de moratória, o que deve aumentar em R$ 30 bilhões o estoque da dívida, pulando para R$ 80 bilhões.
Mas há alternativas para enfrentar a crise fiscal histórica. Uma delas é buscar um encontro de contas entre o que o Estado deve para a União e o que tem de receber de créditos da Lei Kandir, cerca de R$ 45 bilhões. A dívida poderia cair 10 vezes, recuando para R$ 5 bilhões.
Fonte: Fetrafi/RS
Postado em 06/07/2017