História do cotidiano e as memórias…
César de Lima de Melo*
Precisamos priorizar a educação para leitura do mundo e do nosso dia a dia. Precisamos também conversar sobre política de forma séria, pois as políticas governamentais determinam os rumos do acesso digno à educação, saúde, segurança, transporte, saneamento e diversos serviços que pagamos sem ter o retorno esperado.
Segundo o historiador Jacques Le Goff “a memória é a propriedade de conservar certas informações, […] sendo a memória social um dos meios fundamentais para se abordar os problemas do tempo e da História.” Na conjuntura atual – “golpe” – é importante trazer à memória que sempre que elegemos governos mais progressistas – como os de Vargas e Jango, onde existiram avanços sociais – os detentores do capital, ao verem ameaçados o aumento dos seus lucros, apoiaram a derrubada destes governos.
É importante trazer à memória a postura Neoliberal dos governos anteriores ao governo Lula, onde a prioridade para resolverem as questões econômicas do País era a venda do patrimônio público. Igualmente, aqui, no Rio Grande do Sul, o governo Britto também aplicou a mesma política de privatização. Atualmente, mais de uma década a história está se repetindo, tanto no governo Federal (golpista Temer) como no governo Estadual (Sartori “meu partido é o Rio Grande”). Primeiro com uma reestruturação no Banco do Brasil, onde houve uma redução de mais de 9 mil funcionários, além de diversas perdas cargos e comissões que podem reduzir pela metade seus salários. A Caixa Econômica Federal vai pelo mesmo caminho, apresentando o PDVE (Programa de Desligamento Voluntário Extraordinário) destinado aos empregados(as). O Banrisul, além de apresentar o PAV (Plano de Aposentadoria Voluntária), está sendo utilizado como moeda de troca pela dívida do Estado. Os três bancos seguem lucrando como nunca, como resultado direto da força de trabalho dos bancários, que, agora, estão sendo recompensados com uma política que os atinge diretamente.
É importante reafirmar a importância da conservação da memória social. A história nos alerta que a postura adotada pelos governos neoliberais prioriza o capital em detrimento ao cidadão. Esse golpe também quer aniquilar com a preservação da memória, por isso está sendo proposta a reforma do ensino médio. Com o ensino de História deixando de ser obrigatório torna-se mais fácil de manipular o presente. Nosso dever é resistir a toda e qualquer reforma que represente um retrocesso aos direitos trabalhistas e conquistas sociais.
* Bancário, dirigente sindical-Sindicato Bancários Pelotas e Região RS, formado em história pela Universidade Federal de Pelotas RS, especialista em filosofia ética e política pela Universidade de Pelotas RS.