Em defesa da previdência, bancários se unem a outras categorias na Praça da Sé
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro entregava ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), a proposta de reforma da Previdência, os bancários engrossavam a massa de mais de dez mil trabalhadores na Praça da Sé, no centro de São Paulo, na Assembleia Nacional da Classe Trabalhadora, que protestava contra o fim da aposentadoria, na manhã desta quarta-feira (20). Ato unificado na Praça da Sé marcou o ponta-pé inicial da resistência dos trabalhadores à reforma da Previdência.
Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT, diz que a proposta tem uma série de itens que prejudicam diretamente os trabalhadores que já estão no mercado de trabalho. “Como você muda a regra no meio do jogo? Obviamente vamos perder. Tem de respeitar os direitos que são adquiridos, tem que incluir toda a sociedade para discutir que tipo de previdência a gente quer. Eles estão inclusive colocando pontos que são altamente prejudiciais, comprometendo o FGTS, fazendo uma proposta de que os empresários não precisam pagar a multa de 40% do FGTS. É uma proposta disfarçada de nova previdência, mas – na realidade – é uma proposta velha, que beneficia os banqueiros, com o sistema de capitalização, beneficia o mercado financeiro, beneficia o rico, e não o pobre trabalhador que necessita de uma vida de qualidade depois de trabalhar por tanto tempo.”
Para a CUT e demais centrais sindicais que estão organizando a luta de resistência – Força Sindical, CTB, Intersindical, Nova Central, CGTB, CSP-Conlutas e CSB –, alguns aspectos da PEC que já foram divulgados pela imprensa confirmam a avaliação de que as medidas, que incluem o modelo de capitalização da Previdência, obrigatoriedade da idade mínima (65 anos homens e 62 anos mulheres) para se aposentar, e duras regras de transição, não servem para os trabalhadores e trabalhadoras que irão morrer sem conseguir ter acesso a uma aposentadoria digna.
O presidente da CUT, bancário Vagner Freitas fez um alerta para a categoria: “O que é importante que o trabalhador e trabalhadora bancária vejam é que eles não estão reformando a Previdência, eles estão acabando com seu direito de se aposentar. E estão acabando com outros direitos como o auxílio-doença. Eles também querem acabar com o conceito de solidariedade da Previdência Social, para criar a capitalização: o trabalhador teria que contribuir para uma conta individual. Ou seja, você deixaria de contribuir para uma conta geral da Previdência, que inclui além da aposentadoria outros benefícios trabalhistas [como auxílio-doença, acidente, licença-maternidade], para contribuir com um fundo de poupança individual, isso se você conseguir. Como você vai contribuir com uma poupança individual se o seu salário está acabando na metade do mês? E a maioria dos trabalhadores que não tem emprego formal? Junto com isso, querem criar a carteira verde e amarela, para empregos sem direitos, (…) No Chile eles fizeram isso [capitalização], e os aposentados estão morrendo nos bancos das praças.”
As centrais voltam a se reunir na próxima terça-feira (26), para definir um calendário de lutas que prevê, além de atos públicos, mobilização nos locais de trabalho e nos bairros de todos os municípios do País. O objetivo é dialogar com toda a população e esclarecer as consequências nefastas das propostas apresentadas por Bolsonaro.
Além disso, foi deliberado “a realização de um dia nacional de lutas e mobilizações em defesa da Previdência Social Pública e contra o fim da aposentadoria, em data a ser estabelecida pelas centrais sindicais, como parte da Jornada Nacional de Lutas em defesa da Seguridade e a Previdência Social”.
Foto: Roberto Parizotti/CUT