46% das comerciárias de Pelotas/RS foram vítimas de assédio no trabalho, segundo pesquisa da UCPel
Do total de pesquisadas, 46,2% relataram ter sido vítima. Dessas, 66,6% nos últimos 12 meses e 36,6% sofreram três ou mais ataques. Quanto aos agressores, em sua maioria, são colegas de trabalho em posição hierárquica superior (56,6%). Proprietários de estabelecimentos comerciais figuram 30% das respostas.
Com relação ao tipo de assédio, 86,6% dos registros foram de assédio verbal, como cantadas, comentários, gracejos ou piadas indecorosas; 26,6% de assédio físico na modalidade de toques ou aproximação corporal inoportuna e estupro, em três casos. Para o coordenador do GITEP, professor Luiz Antonio Chies, a pesquisa ilustra a vulnerabilidade do setor que mais emprega mulheres no município.
Em 2017, o Instituto Pesquisas de Opinião (IPO) registrou 12,3% de assédio verbal no ambiente de trabalho para a totalidade da população feminina de Pelotas. No Brasil, de acordo com dados recentes do Fórum Nacional de Segurança Pública, 11,5% das mulheres foram vítimas do mesmo tipo de violência, sendo 37% nos últimos 12 meses.
Os dados nacionais ainda trazem uma realidade alarmante que se repete em Pelotas: poucas mulheres denunciam a situação de violência. No âmbito nacional, 52% das vítimas não fizeram nada, enquanto, em Pelotas, o número é de 60%. “Ou seja, além da violência se impõe silêncio às comerciárias de Pelotas, seja por medo, vergonha ou porque acreditavam que nada seria resolvido com a denúncia”, explica Chies.
Para o GITEP, este cenário exige que os Poderes Públicos e a Sociedade Civil cobrem ações do Setor Empresarial. Além disso, o professor aponta o estudo de uma proposta legislativa para instituir selo de qualidade no combate ao assédio sexual e violência contra as mulheres no município – concedido a empresas, órgãos e entidades que se destacarem em ações de combate.
A pesquisa, realizada entre 8 e 15 de março, é fruto da Campanha Permanente de Conscientização e Enfrentamento ao Assédio e Violência Sexual no Município de Pelotas e foi coordenada pelo Grupo de Estudos em Segurança Pública (GESP) e GITEP do PPGPSDH.
Fonte: UCPEL