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Poesias de Uma Cor: projeto de estudantes luta contra o racismo através da arte
Grupo de jovens utiliza linguagem artística para falar de questões raciais
Na última quarta-feira, 25, os jovens idealizadores do projeto Poesias de uma cor: relatos de afrodescendentes vítimas de racismo estiveram no Programa Contraponto, da RádioCom 104.5 FM, falando sobre o seu trabalho de luta contra o racismo. Na companhia de Isadora de Leon Torres, professora co-orientadora do projeto, os estudantes Alice Nunes, Carlos Eduardo Tavares, Matheus Moro e Rafael Corrêa relataram as experiências vividas com a realização da proposta. Alunos do 3º ano do ensino médio da Escola SESI Eraldo Giacobbe, os jovens buscam conscientizar as pessoas sobre o racismo enraizado na nossa sociedade.
O objetivo do projeto, conforme contou Alice, é compor um livro com intervenções artísticas, como poemas e ilustrações, a partir de relatos de pessoas que sofreram algum tipo de discriminação racial. De acordo com os jovens, a ideia de realizar a proposta teve início em sala de aula.”A ideia surgiu numa aula de Literatura, quando a gente assistia um documentário sobre a situação dos negros na faculdade, principalmente no curso de Medicina. Foi a partir desse documentário que a gente se sentiu motivado a criar o projeto”, explicou o estudante Carlos Eduardo.
Entre dois alunos brancos e uma aluna e um aluno negros, os jovens discutem o racismo estrutural da sociedade através de encenações e poesias. Inclusive, a participação de Carlos Eduardo e Matheus, jovens brancos e integrantes do projeto, já gerou questionamentos. “Já vieram pessoas até nós falando que, por sermos brancos, não poderíamos falar de um tema como esse. Então, também buscamos abordar no nosso projeto até onde vai o lugar de fala das pessoas, no nosso caso, até onde vai o lugar de fala das pessoas brancas sobre o racismo. A gente costuma dizer que não estamos falando pela Alice ou pelo Rafael, mas que estamos falando com eles. Nós sabemos que o racismo é algo que a gente nunca sofreu, nem nunca vai sofrer, por isso que a gente tenta trabalhar com eles o nosso lugar de escuta”, relatou Matheus.
Quanto à esta questão, Rafael e Alice receberam os colegas de braços abertos na luta contra a discriminação. “Quando a gente percebe que as pessoas estão se unindo pra que nossa voz seja escutada e colaborando pra que um assunto como esse possa ser ouvido, eu fico feliz, por que estamos trabalhando juntos para acabar com o racismo”, disse Rafael, que, durante a entrevista, também destacou a importância do projeto em Pelotas, principalmente pela questão história da cidade.
Trajetória, feiras e premiações
Em outubro de 2018, o projeto foi lançado ao público pela primeira vez. “O palco inicial do nosso projeto foi o SESI consciência, uma mostra organizada pela escola. Foi nossa primeira experiência e foi muito boa”, contou Alice. Ainda em 2018, os jovens levaram o projeto para uma turma de 30 alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA), do SESI, e para a 46º Feira do Livro de Pelotas. Em 2019, o projeto também foi apresentado para os alunos de 8º e 9º ano da Escola Municipal Doutor Francisco Campos Barreto, no Laranjal.
Neste ano, o projeto esteve presente em diversas feiras. “Nós participamos da Feira Mineira de Iniciação Científica (Femic), que aconteceu em Mateus Leme, Minas Gerais, em agosto, e ficamos em 3º lugar na categoria de Ciências Humanas, onde conseguimos uma credencial para Feira Ciência Jovem em Olinda, Pernambuco”, disse Rafael.
Na Mostra Nacional de Ciência e Tecnologia (Mostrarob), no IFSul – Câmpus Pelotas, os jovens apresentaram o projeto e conquistaram credenciais para a Mostra Brasileira de Ciência e Tecnologia (Mostratec), que ocorre em Novo Hamburgo, e para a Feira Brasileira de Iniciação Científica (Febic), que ocorre em Santa Catarina. “No IFSul, nós recebemos o prêmio Teodolito, que é o prêmio destaque na Feira, não só por a gente tratar questões sociais na nossa temática, mas também por ser inovador a gente tentar falar sobre racismo na linguagem literária, através das poesias”, explicou Rafael.
A entrevista completa pode ser acessada na página do Facebook da RádioCom Pelotas.
Imprensa Seeb Pelotas