Presidente do Equador recua e revoga decreto que gerou manifestações no país
Onze dias após o início dos protestos de movimentos indígenas contra a alta de 123% nos preços dos combustíveis, o presidente do Equador, Lenín Moreno, decidiu recuar e revogou o decreto 883, que promovia a retirada de subsídios. A decisão foi anunciada na noite de domingo (13), após reunião entre Moreno e lideranças indígenas do país.
A revogação do decreto foi uma condição imposta pelas lideranças para encerrar os protestos que levaram o país a uma situação de turbulência política e para retomar o diálogo. Até então, Moreno se posicionava de forma irredutível e chegou a decretar estado de exceção para conter os protestos.
Moreno também mudou a sede do governo de Quito para Guayaquil, decretou toque de recolher a partir das 15h e militarizou a capital equatoriana. Segundo a Defensoria do Povo, pelo menos 7 pessoas morreram, mais de 900 ficaram feridas e outras 1,1 mil foram presas na repressão do governo às manifestações, que também contaram com o apoio de estudantes e trabalhadores de diversos segmentos.
A retirada dos subsídios dos combustíveis era um ponto central de um acordo firmado entre Moreno e o Fundo Monetário Internacional (FMI) para a liberação de um empréstimo no valor de R$ 4,2 bilhões.
Eleito em 2017, Moreno foi vice do ex-presidente Rafael Correa e eleito com o seu apoio. Uma vez no poder, contudo, ele deixou de lado as políticas de viés de esquerda da chamada Revolução Cidadã, promovida por Correa, e passou a adotar políticas de cunho neoliberal. Os dois estão rachados desde que Moreno assumiu o poder. O atual presidente acusa o seu antecessor, que hoje vive na Bélgica, de “orquestrar” as manifestações em conluio com a Venezuela.
Na última sexta-feira (11), Correa acusou Moreno de trair o programa de governo vencedor nas urnas e pediu a convocação de eleições antecipadas, argumentando que esta possibilidade estava prevista na Constituição em caso de convulsão político. “Já não temos mortos suficientes?”, questionou em vídeo divulgado em suas redes sociais.
Foto: Fernanda Gallardo/Voces Ecuador
Fonte: Sul 21