Dólar dispara, bate novo recorde e fecha em alta a R$ 5,70
O dólar fechou em alta ontem, quarta-feira, 6 de maio, a R$ 5,703, com o mercado na expectativa da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre os juros no Brasil, que vai divulgar sua decisão sobre o novo patamar da taxa Selic.
O Ibovespa, principal índice de Bolsa de Valores de São Paulo, também teve um dia ruim, com queda de 0,3% aos 79.228 pontos.
Ibovespa cai 0,5% com mau humor externo e investidores de olho no Copom; dólar vai a R$ 5,70 e renova máxima
O Ibovespa até ameaçou zerar as perdas no fim do pregão após a aprovação em segundo turno pelo Plenário da Câmara dos Deputados o texto-base da chamada “PEC do Orçamento de Guerra”, mas não evitou fechar em queda seguindo a piora do humor no exterior.
O dia de ontem, quarta-feira, 6 de maio, foi marcado pela cautela, com os investidores nos EUA atentos à reabertura das economias diante da pandemia do novo coronavírus, em especial em alguns estados americanos, conforme o país segue registrando um grande número de casos de Covid-19.
Por aqui, o mercado reagiu ainda à decisão da Fitch, que na noite de terça-feira, dia 5 de maio, reduziu a perspectiva de rating do Brasil para negativa. Além disso, há a expectativa pela decisão de política monetária do Copom, que será divulgada por volta das 18h.
O benchmark da bolsa fechou com queda de 0,51%, aos 79.063 pontos, com volume financeiro de R$ 20,938 bilhões.
Enquanto isso, o dólar comercial teve forte valorização de 2,03%, cotado a R$ 5,7005 na compra e R$ 5,7035 na venda – renovando sua máxima histórica. O dólar futuro para junho, por sua vez, sobe 2,25%, a R$ 5,716.
Já no mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 ficou estável a 3,53%, enquanto o DI para janeiro de 2023 teve queda de 8 pontos, para 4,65%. O contrato para janeiro de 2025 recuou 15 pontos-base a 6,38%.
Além disso, o petróleo também voltou a chamar atenção, virando para queda após chegar a subir mais de 3% pela manhã. Isso acabou pressionando as ações da Petrobras (PETR3; PETR4), ontem, quarta-feira, dia 6 de maio, que fecharam em queda de mais de 3%.
Nos EUA, o mercado reagiu ainda ao Relatório de Emprego ADP do setor privado, que mostrou que em abril foram eliminados 20,2 milhões postos de trabalho. O resultado foi praticamente em linha com o esperado pelos economistas consultados pela Bloomberg, que apontava para a destruição de 21 milhões vagas.
Foi o pior resultado já registrado no relatório. O recorde anterior foi de 834.665 postos perdidos em fevereiro de 2009, em meio à crise financeira. Em março o dado foi revisado para 149 mil postos destruídos (contra 27 mil anteriormente), nos primeiros impactos da pandemia do novo coronavírus.
Ainda por lá, o presidente Donald Trump insiste na reabertura do país para os negócios, mesmo reconhecendo que a mudança causaria mais doenças e mortes pela pandemia. Ele considera ser um custo que está disposto a correr para colocar a economia de volta aos trilhos.
Vale destacar que, na véspera, ao final da sessão, o S&P 500 viu um ganho de quase 2% ser reduzido à metade após o vice-presidente do Fed, Richard Clarida, alertar que a economia precisará de mais apoio do governo.
Na Ásia, o banco central chinês (PboC) anunciou o enfraquecimento da taxa de paridade do yuan em relação ao dólar, para 7,0690 yuans por dólar, 0,17% mais fraca que a taxa de 7,0571 yuans por dólar de quinta-feira. Esse seria um gesto de boa vontade do gigante asiático em meio ao cenário de crescente tensão entre americanos e chineses. Como nos últimos dois dias, a Bolsa japonesa permaneceu fechada devido a feriados locais.
Na Europa, por sua vez, após abrirem em queda de forma generalizada, os índices amenizaram as baixas e operam praticamente estáveis. Os investidores seguem atentos às medidas de flexibilização do lockdown e repercutem os dados econômicos do continente. Na Alemanha, as encomendas à indústria sofreram tombo histórico de 15,6% em março ante fevereiro.
Copom e agenda econômica
Os investidores estão atentos à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que, segundo estimativa da maior parte dos economistas (segundo compilação Bloomberg), deve cortar a Selic em 0,50 pp para o novo piso histórico de 3,25% e sinalizar reduções adicionais para evitar um impacto ainda mais profundo do coronavírus na economia. A decisão será divulgada após o fechamento dos mercados.
Contudo, vale destacar que na véspera a curva do DI fechou ontem precificando um corte mais profundo, de 0,65 pp, indicando chances maiores de redução de 0,75 pp, após produção industrial e IPC-Fipe abaixo do previsto divulgados na terça-feira.
Na véspera, a Fitch alterou a perspectiva do Brasil a negativa, mantendo o rating BB-. Segundo a agência, a mudança de perspectiva reflete a deterioração das perspectivas econômicas e fiscais e os riscos negativos de ambas diante das renovadas incertezas políticas, incluindo tensões entre o Executivo e o Congresso, e incertezas quanto à duração e intensidade da pandemia de coronavírus. A projeção é de que a economia brasileira deva contrair 4% em 2020, com riscos tendendo para o lado negativo.
Na agenda internacional, às 22h45, a China divulga PMI serviços, que pode voltar a ficar acima de 50, sinalizando expansão; balança comercial também deve ser divulgada.
Votações no Congresso
A Câmara dos Deputados aprovou na terça-feira, em sessão virtual, o auxílio de R$ 125 bilhões para os estados, o Distrito Federal e os municípios em razão da pandemia do novo coronavírus. Como foi modificada pelos parlamentares, a matéria retorna para análise do Senado antes de seguir para sanção presidencial.
O Projeto de Lei Complementar (PLP) 39/20 prevê que serão direcionados R$ 60 bilhões em quatro parcelas mensais. Desse total R$ 50 bilhões serão para uso livre (R$ 30 bilhões vão para os estados e R$ 20 bilhões para os municípios). Como não participa do rateio dos municípios, o Distrito Federal receberá uma cota à parte, de R$ 154,6 milhões, também em quatro parcelas. Os outros R$ 10 bilhões terão que ser investidos exclusivamente em ações de saúde e assistência social (R$ 7 bilhões para os estados e R$ 3 bilhões para os municípios).
O texto do Senado previa que só servidores de segurança pública e da área de saúde ficariam fora do congelamento de salário, mas a Câmara aumentou o número de categorias fora da restrição: trabalhadores da educação, da assistência social e na limpeza pública; policiais legislativos; técnicos e peritos criminais; agentes socioeducativos; e fiscais agropecuários. A Câmara também mudou um dos critérios de distribuição de recursos entre os estados.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, criticou as mudanças, que, segundo ele, desidrataram as contrapartidas; o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, afirmou que as mudanças feitas pelos deputados não serão acatadas.
Enquanto isso, o Plenário da Câmara dos Deputados aprovou hoje em segundo turno o texto-base da chamada “PEC do Orçamento de Guerra” (PEC 10/20). Foram 477 votos favoráveis a 1. A versão aprovada pelo Senado Federal havia sido votada em primeiro turno pelo plenário da Câmara na última segunda-feira (4).
A proposta cria um regime extraordinário para facilitar os gastos públicos com ações de combate à pandemia de Covid-19 e para a mitigação dos impactos econômicos decorrentes das medidas de isolamento social.
Entre as medidas propostas, a PEC autoriza o Banco Central a comprar título de empresas privadas no chamado no mercado secundário – títulos que já fazem parte de carteiras de fundos e corretoras, por exemplo. O objetivo é garantir liquidez ao mercado de capitais.
O texto também traz processo simplificado para a contratação de pessoal temporário, de obras, serviços e compras relacionados exclusivamente ao enfrentamento da situação de calamidade pública.
Repercussão sobre depoimento de Moro
Os investidores também seguem de olho na repercussão política do depoimento à Polícia Federal no último sábado (2) do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro, que foi divulgado pela imprensa na tarde da última terça-feira.
Moro repetiu as alegações de que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) buscou interferir nas atividades da PF e ter acesso a relatórios de inteligência da corporação, e afirmou que o mandatário “pediu” o controle da superintendência da PF no Rio de Janeiro.
“Moro você tem 27 Superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro”, disse Bolsonaro a Moro, por mensagem de WhatsApp, segundo transcrição do depoimento do ex-ministro à PF no inquérito que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal).
Após a divulgação do documento, foi informado que o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou as diligências solicitadas pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, no inquérito que apura suposta tentativa de interferência na Polícia Federal (PF). No pedido encaminhado, Aras pediu autorização para a tomada de depoimento de três ministros, seis delegados da Polícia Federal (PF), da deputada Carla Zambelli (PSL-SP), além da realização de perícias. As medidas foram tomadas após o Moro prestar depoimento.
Noticiário corporativo
O noticiário corporativo é movimentado, com destaque para a divulgação de resultados. A Vivo registrou lucro líquido de R$ 1,15 bilhão no primeiro trimestre, queda de 14% na base de comparação anual. Já a TIM Brasil teve lucro líquido normalizado de R$ 164 milhões no primeiro trimestre de 2020, alta de 8,3% em relação ao mesmo período de 2019. Energias do Brasil e Alpargatas também revelaram seus números.
Sobre a Petrobras, segundo a Reuters, a estatal tem apoio para pulverizar controle da Braskem, enquanto o Estadão informa que a Embraer contratou o Itaú para assessorar pacote de socorro feito com o BNDES. Já a Tecnisa aprovou grupamento de ações na proporção de 10 para 1.
Foto: Reuters
Fonte: Brasil 247, com informações do Infomoney