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Mais da metade dos bancários da Caixa sofrem assédio moral, aponta pesquisa
Segundo levantamento da Fenae, trabalhadores relatam tensão, irritabilidade, inquietação e vontade de desistir de tudo
Uma pesquisa realizada pela Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) aponta que 53,6% empregados do banco já passaram por, pelo menos, um episódio de assédio moral, quando há exposição do trabalhador a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas.
Os dados também mostram que quase 20% dos trabalhadores ativos entrevistados revelaram ter depressão ou ansiedade. Entre os aposentados, este índice é de 4%. O número de bancários que buscam acompanhamento regular psicológico ou psiquiátrico é de 19,6%. E 47% dos empregados já tiveram conhecimento de algum episódio de suicídio entre colegas.
O levantamento, feito em todos os estados do país durante o ano passado, faz parte da campanha “Não Sofra Sozinho“ da Fenae, que tem como objetivo desenvolver medidas de prevenção ao adoecimento mental no trabalho.
Entre os sentimentos relatados pelos trabalhadores e trabalhadoras à pesquisa estão a tensão, ansiedade, depressão, incapacidade de relaxar, irritabilidade, inquietação, vontade de desistir de tudo e sentimento de que não vale a pena viver, entre outros.
Falta de política da Caixa
Para Sérgio Takemoto, presidente da Fenae, o resultado da pesquisa reflete a falta de políticas eficazes por parte da direção da Caixa Econômica Federal para a saúde mental dos trabalhadores. “Isso revela o quanto o modelo de gestão do banco, a sobrecarga de trabalho e a ausência de uma política de saúde do trabalhador estão prejudicando a vida de milhares de pessoas e provocando um verdadeiro quadro de adoecimento crônico na categoria”, avalia.
A preocupação do representante é que os dados do levantamento “explodam”, visto que, segundo ele, os funcionários da Caixa estão sob “um grande estresse” durante a pandemia do coronavírus. O pagamento do auxílio emergencial, concentrado principalmente na instituição, tem provocado aglomerações nas agências, trabalho em ambientes com alto risco de exposição ao coronavírus, relatos de bancários infectados, vítimas fatais e medo de contaminação.
“Infelizmente, nós não temos visto por parte do governo, por parte da Caixa, a mesma preocupação em preservar a vida desses trabalhadores. Por isso que nós estamos muito preocupados com a situação, temos procurado várias maneiras de minimizar esses riscos, mas, infelizmente, depende muito da boa vontade do governo e da direção da Caixa, o que não está ocorrendo”, reitera Takemoto.
Sobre o momento da pandemia, a Fenae cobra do governo e da direção do banco uma campanha de divulgação massiva sobre o benefício e os caminhos para acessá-lo e descentralização do pagamento do auxílio emergencial.
“Não sofra sozinho“
Em relação a saúde mental dos trabalhadores a campanha “Não Sofra Sozinho” permanece em parceria com as Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Apcefs) para promover a prevenção a psicopatologias do trabalho e o acolhimento dos trabalhadores nos casos de assédio moral e sofrimento mental.
Para denunciar um abuso psicológico ou violência no ambiente de trabalho, a orientação é que o funcionário procure a Apcef e/ou o Sindicato dos Bancários da região de trabalho. Acesse este link para mais informações sobre a campanha.
A reportagem do Brasil de Fato chegou a procurar a Caixa Econômica Federal sobre a política contra o adoecimento mental dos trabalhadores, mas não obteve retorno.
Fonte: Rede Brasil Atual e Brasil de Fato