Conferência Estadual do RS define propostas para Conferência Nacional e Campanha 2020
Gaúchos e gaúchas defenderão reajuste real de 5% mais inflação, e regulamentação de medidas de proteção à vida durante e após a pandemia
Os participantes da 22ª Conferência Estadual dos Bancários e das Bancárias do Rio Grande do Sul aprovaram no sábado (4), uma série de resoluções para serem levadas à Conferência Nacional, que acontece nos dias 17 e 18 de julho. O evento ocorreu de forma virtual e contou com 553 inscritos.
Houve consenso sobre a estratégia para a Campanha Nacional 2020, as resoluções que defendem a vida e a regulamentação das medidas protetivas durante a pandemia e do teletrabalho. O debate sobre metas dividiu opiniões, mas o texto original da resolução que defende soluções para evitar a cobrança de metas abusivas foi aprovado por 194 votos favoráveis e 18 contrários, entre os presentes que deram sua opinião.
Outro ponto que gerou divergência foi a definição do percentual de reajuste salarial a ser levado para a mesa de negociação. Por maioria (60% dos participantes), os bancários e bancárias gaúchas defenderão aumento real de 5% mais a inflação do período.
O diretor de Comunicação da Fetrafi-RS, Juberlei Bacelo, destacou que o Comando Nacional dos Bancários buscou, desde o início da pandemia, a manutenção da ultratividade ou a prorrogação do acordo da categoria, que vence em agosto. Entretanto, os bancos não aceitaram a proposta de prorrogação e a aprovação da ultratividade até dezembro deste ano ainda não foi sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro.
“Estamos em uma batalha com os bancos desde março e conseguimos uma série de avanços, inclusive a garantia de que não haveria demissões durante a pandemia. Teremos, agora, o desafio de organizar uma campanha de forma virtual em meio à pandemia”, destacou Bacelo.
A diretora de Formação da Fetrafi-RS, Ana Maria Betim Furquim, também destacou os desafios do período e a importância de manter a luta ativa mesmo que somente pela internet. “Assim que começou essa pandemia, o movimento sindical teve a iniciativa de abrir a mesa de negociação com os bancos. Estamos conversando através da rede, mas o importante é que não paramos”, lembrou Ana.
Já a diretora da Mulher Trabalhadora, Cristiana Garbinatto, destacou a importância de debater a atual conjuntura, considerando que muitos colegas estão “amendrontados” pelas ameaças à saúde, ao emprego e pelas mudanças na rotina impostas pela pandemia. “A situação está muito complicada, pois temos um governo genocida que não se preocupa com os trabalhadores e as trabalhadoras. Para as mães que estão em home office, que precisam dar conta dos filhos e da casa, a situação é ainda pior”, afirmou.
Saúde em primeiro lugar
As resoluções aprovadas tratam, principalmente, da proteção à vida dos trabalhadores e das trabalhadores, visto que muitos estão no atendimento direto ao público e, portanto, expostos à contaminação por coronavírus. Entretanto, não é só a Covid-19 que preocupa os bancários e bancárias.
De acordo com o secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT, Mauro Salles, o adoecimento mental é um dos maiores problemas que a categoria enfrenta há algum tempo e que se intensificou durante a pandemia. As causas disso, diz Salles, são a pressão por resultados e a insegurança com o emprego e o futuro. “A meta abusiva, o sistema de avaliação e a remuneração variável constituem um mecanismo que precisamos entender e tentar desmontar, pois ele está nos adoecendo”, ressaltou.
Novas formas de comunicação
O uso de ferramentas virtuais de comunicação, como a teleconferência, WhatsApp e redes sociais e novas linguagens foi bastante defendido pelos participantes da Conferência Estadual. Conforme diversas intervenções durante o encontro, a realização do evento pelo Zoom proporcionou que mais pessoas pudessem participar, incluindo aqueles que não têm como se deslocar do interior para a capital ou que têm outros impedimentos para participação em reuniões presenciais.
Juberlei Bacelo enfatizou que neste momento de pandemia é preciso avançar nas novas formas de comunicação da categoria entre si e com a sociedade e que isso faz parte das estratégias da Campanha Nacional 2020. Ele esclareceu que a Fetrafi-RS vem buscando essa ampliação, com o lançamento, em breve, de um novo portal na internet que vai contar com páginas exclusivas de todos os sindicatos. Além disso, apresentou o novo webjornal “Real News”, que por meio de uma linguagem descontraída, vai tratar das principais pautas da categoria nas redes sociais da Federação.
Lucros dos bancos
Antes dos debates acerca da Campanha deste ano, os participantes da Conferência ouviram a fala da economista Vívian Machado, técnica do DIEESE, sobre “Conjuntura Econômica e Financeira em Meio a Crise da Pandemia de Covid-19”.
Segundo os dados do Balanço Patrimonial dos Bancos apresentado por ela, os bancos continuam obtendo lucros exorbitantes, ativos e carteiras de crédito seguem em alta, enquanto as taxas de inadimplência estão baixas. Porém, com a expectativa da crise por conta da pandemia, despesas de PDD sobem, exceto na Caixa e receitas de prestação de serviços e tarifas crescem (exceto na Caixa e no Santander).
Um dos índices mais preocupantes, contudo, é o fechamento de agências e postos de trabalho. Em 12 meses, foram fechados 11.582 postos de trabalhoe 943 agências nos cinco maiores bancos do país, com investimentos pesados em plataformas digitais, conforme os demonstrativos financeiros das instituições. Segundo relatório da Febraban deste ano, 63% das transações bancárias já são feitas por canais digitais, com destaque para o home banking no celular.
Fonte: Fetrafi RS