Comunidade Acadêmica da UFPel se mobiliza contra intervenção nas Universidades

A tarde de ontem, quinta-feira (17), foi marcada por protestos de estudantes e servidores das instituições federais de ensino, em diversas cidades do país. Em Pelotas, em torno de 20 pessoas estiveram reunidas, em frente ao Lyceu Rio-grandense, respeitando às regras de distanciamento social, devido à pandemia, e denunciaram as tentativas de intervenção do Governo Bolsonaro nas Universidades Federais.

Preocupação e mobilização

A preocupação aumentou após o presidente da República nomear o professor Carlos Bulhões como novo reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), contrariando a escolha da comunidade acadêmica. Bulhões ficou em último lugar no processo eleitoral que definiu a lista tríplice, enviada à Presidência da República, para a definição de quem estará à frente da instituição nos próximos anos.

“É como se as pessoas elegessem um prefeito, por exemplo, mas alguém dissesse que o voto delas estava errado e decidisse, de forma unilateral, que o terceiro colocado – ou até mesmo alguém que não disputou as eleições – deveria assumir esse cargo”, explica Fabrício Sanches, que é membro do coletivo nacional de juventude – Juntos e, também, mestrando em Educação pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O estudante esteve participando do ato de ontem e diz que a mobilização, nas ruas, está só começando e será permanente.

Estudantes estão mobilizados em Pelotas – Foto: Cezar Stark

Guerra de narrativas

O principal problema que tem sido identificado por docentes, servidores e estudantes, das instituições federais de ensino, é a guerra de narrativas que se criou com o intuito de eleger o atual governo, cuja principal estratégia foi disseminar um discurso de que as universidades estariam aparelhadas pela esquerda. Conforme os movimentos estudantil e sindical têm denunciado, essa justificativa, que encontra respaldo em alguns setores da sociedade, é o que acaba por legitimar, na prática, o verdadeiro aparelhamento das universidades, que pode resultar da interferência do governo nas decisões que cabem à comunidade acadêmica.

“Bolsonaro pretende colocar os seus pares, no comando das universidades, para manter essa política de toma lá da cá, cuja tônica é a troca de favores com deputados locais, no intuito de cercear o pensamento crítico dentro das universidades e acelerar o processo de privatização, como é o caso do Future-se”, denuncia.

Entrevista na RádioCom

Na próxima segunda-feira (21), para dar continuidade a discussão sobre o tema, o programa Contraponto Debate, da RádioCom, irá entrevistar a Presidente da Seção Sindical do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN), na UFRGS, professora Rúbia Vogt. O programa vai ao ar de segunda à sexta, das 10h30min às 11h30min.

Acompanhe a programação da rádio na frequência de 104.5 FM, pelo site: www.radiocom.org.br, pelo canal no YouTube ou pela página no Face.

Texto: Eduardo Menezes – Seeb Imprensa Pelotas

Fotos: Cezar Stark

Posts Relacionados

Fale com o sindicato
Pular para o conteúdo