Conselho Tutelar se posiciona de forma contrária ao retorno das aulas presenciais em Pelotas
Sem que exista, ainda, um controle da curva de contágio da covid-19 e consciente de que os espaços escolares são locais propícios para aglomerações, o Conselho Tutelar de Pelotas já emitiu duas notas públicas posicionando-se de forma contrária ao retorno das aulas, na cidade, até que se tenha uma vacina para combater a propagação do vírus.
Desde o dia 8 de setembro, de acordo com decreto emitido pelo Governo do Rio Grande do Sul, as escolas de ensino infantil, das redes pública e privada, já estão autorizadas a retomar as atividades, de forma presencial, caso o município esteja com bandeira laranja ou amarela há, pelo menos, duas semanas.
Na última segunda-feira (21), o decreto passou a abranger, também, os ensinos médio e superior. A partir do dia 28 de outubro, estarão inclusos, ainda, os anos finais do ensino fundamental; já os anos iniciais do fundamental têm retorno permitido a partir do dia 12 de novembro.
A avaliação do Conselho Tutelar de Pelotas é de que um retorno das atividades presenciais, neste momento, seria desastroso para o controle da propagação da doença no município.
“Embora as crianças e os adolescentes não estejam nos chamados grupos de risco, existem, nessa faixa etária, indivíduos que pertencem ao referido grupo e, além disso, é sabido que os mais jovens podem ser potenciais transmissores da doença dentro do seio familiar, onde residem com pais e avós, por exemplo”, explica o conselheiro tutelar, Ronaldo Quadrado.
Diferentes realidades na pandemia
Os conselheiros também demonstram preocupação com a migração que tem ocorrido da rede privada para a rede pública, durante esse período de pandemia, e ressaltam que estão em contato permanente com a Prefeitura, com o objetivo de saber como estão sendo trabalhados os efeitos socioeconômicos decorrentes da crise sanitária; como o desemprego e o prejuízo na renda das famílias pelotenses.
Além de cobrar a manutenção das matrículas dos estudantes que estão precisando ingressar no ensino público, que é uma obrigação do poder público, os conselheiros têm demonstrado muita preocupação sobre como o conteúdo das aulas remotas é repassado às crianças que não têm acesso à essa tecnologia. “Nossa preocupação, nesse momento, é, sobretudo, com a política de educação do município em relação ao acesso das diferentes classes sociais ao ensino remoto”, ressalta Ronaldo.
De acordo com o conselheiro tutelar, as aulas remotas devem ser pensadas do ponto de vista da assistência social. “É preciso que se tenha cuidado em não levar adiante uma política de educação que parte do pressuposto de que todas as crianças possuem um equipamento tecnológico – e acesso à internet -, em condições de igualdade, porque esse tipo de visão não contempla às diferentes realidades sociais das famílias de Pelotas”, avalia.
SEEB Imprensa Pelotas
Arte: SEEB Pelotas