Pedro Hallal critica reabertura do comércio em Pelotas
Em entrevista concedida ao programa Contraponto, da RádioCom, Pedro Hallal avaliou o momento atual da Pandemia e fez duras críticas ao retorno da flexibilização dos protocolos de combate à disseminação do coronavírus
Ao avaliar a retomada da política de cogestão no enfrentamento da Pandemia, que, a partir desta segunda-feira (22), possibilita que os municípios adotem medidas mais brandas para o controle da disseminação da Covid-19, o epidemiologista Pedro Hallal, da UFPel, criticou a posição dos governos estadual e municipal, explicando que, neste momento, seria preciso continuar insistindo no achatamento da curva de contágio.
“As medidas, apesar de tímidas, estavam dando resultado. Quando a gente olha a curva de Pelotas, é possível identificar que havia uma melhora. O que causa um incômodo é saber que, justamente quando estávamos no caminho certo, a gente faz um movimento que, inevitavelmente, vai levar para um agravamento do quadro”, critica.
Ao abordar a pressão que o empresariado local vinha realizando, junto à Prefeitura, durante a vigência dos protocolos relativos à bandeira preta, no município, Hallal explica que, durante as reuniões do Comitê Covid da Prefeitura, qualquer pessoa que se manifeste contrária à reabertura do comércio é atacada de forma pessoal, sem o devido respeito à necessária divergência de opiniões.
“Quando eu manifestei a minha opinião científica, durante reunião do Comitê Covid, fui atacado pelos empresários locais”, revela Pedro Hallal, ao afirmar que discorda da reabertura do comércio, neste momento, em que existe um agravamento da Pandemia não só em Pelotas, mas em todo o país. “Não é um ataque à posição. É um ataque pessoal. É assim que Pelotas caminha para se igualar ao resto do Brasil, na tragédia da Covid”, lamenta o pesquisador.
Ao avaliar o quadro, em âmbito nacional, o epidemiologista adverte que, caso não se tenha uma mudança drástica na aquisição e distribuição das vacinas, o quadro deverá ficar ainda pior. “Eu tenho feito um movimento de apelar para a OMS, para os governos internacionais e para a própria indústria farmacêutica, de que, nesse momento, a prioridade da saúde pública mundial, é disponibilizar milhões de doses de vacinas para o Brasil, em março e abril. Não é em agosto e setembro. Se nós não tivermos milhões de doses, em março e abril, a situação vai ficar assustadora. A gente virou uma fábrica de criar variantes. Precisamos estancar o sangramento, agora, e, para isso, a ajuda internacional é muito bem-vinda”, explica Pedro Hallal.
Somente nas últimas 48h, Pelotas registrou mais 11 óbitos decorrentes da contaminação pela Covid-19. Ao todo, 445 pessoas já perderam suas vidas para a doença, no município, desde março de 2020. Os leitos de UTI, na cidade, continuam sobrecarregados. Até o final da tarde de ontem, 67 pacientes ocupavam leitos de UTI, no município.
Redação: Eduardo Menezes – SEEB Pelotas e Região
Imagem: Reprodução RádioCom