Parte da população não está tomando a segunda dose da vacina contra a Covid-19 no Brasil
A baixa adesão do cidadão brasileiro e em câmara lenta ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), com relação à segunda dose da vacina contra a Covid-19, oferece uma visão perturbadora para a estratégia de proteger o conjunto da população. Os sintomas desse abandono vacinal, problema que compromete a campanha brasileira para aumentar a lista de pessoas consideradas imunizadas contra o coronavírus, estão por toda parte. O movimento mundial antivacina, que vem construindo em diversos países um pensamento anticiência, apesar de todas as evidências da produção segura de imunizantes, é uma das principais causas apontadas por especialistas para a situação crítica no país.
“A disseminação de informações falsas como a que defende a chamada imunidade de rebanho, devido aos riscos que traz para a sociedade, levou à crença de parte da população da não necessidade da vacinação pública, numa visão sem nenhuma evidência científica”, explica a epidemiologista Maria Juliana Moura Corrêa, doutora pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e pesquisadora associada da Fiocruz, coordenando a Rede de Informação e Comunicação sobre exposição ao Sars-Cov-2 em trabalhadores do Brasil.
Ela argumenta que a imunidade de rebanho, tese que conta com o aval do governo Jair Bolsonaro, não vai ser alcançada e poderá levar, de maneira desnecessária e desordenada, a um volume grande de mortalidade das pessoas. “A vacinação pública é uma estratégia coletiva e constitui-se na única medida de caráter preventivo disponível”, salienta a epidemiologista, para quem, sem as duas doses, a população não fica imunizada e a situação tende a agravar-se drasticamente.
A médica reforça a importância das duas doses para completar o ciclo vacinal de imunização contra a doença, ao mesmo tempo que defende ações urgentes para garantir maior segurança à população diante do crescimento de movimentos antivacina e das notícias falsas difundidas país afora. Segundo a especialista, como há casos de vacinas que enfrentam resistência por parte da população, apesar da segurança atestada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o Brasil dispõe de três tipos de imunizantes: um com vírus inativado, outro com vírus ativado e o que utiliza parte do material genético, como é o caso da vacina da Pfizer.
“O importante é tomar as duas doses da vacina para conter a epidemia. Todas já se mostraram efetivas. Cada vacina depende de que resposta se busca encontrar. Em relação ao Sars-Cov-2, a pergunta feita diz respeito a reduzir a gravidade do adoecimento e, portanto, reduzir a mortalidade. As vacinas são seguras, não há uma que seja melhor do que a outra, e possuem um esquema com medidas complementares”, pontua.
Fonte: Fenae, com edição SEEB Pelotas e Região