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Covid-19: não é hora de relaxar nas medidas de proteção
Desde o início da imunização, em 18 de janeiro, até ontem, terça-feira (21), mais de 82 milhões de brasileiros estão vacinados com as duas doses. O número poderia ser ainda maior, se não tivesse acontecido lentidão na compra dos imunizantes, por parte do Governo Federal.
No total, são 82.315.330 pessoas com a imunização completa, o que representa 38,59% da população. Tomaram somente a primeira dose 142.625.292 milhões de pessoas, correspondendo a 66,86% do total de brasileiros. Os dados são do consórcio de veículos de imprensa, que recebem os dados das secretarias estaduais de saúde.
Para o médico sanitarista Cláudio Maierovitch, coordenador do Núcleo de Epidemiologia e Vigilância em Saúde (NEVS) da Fiocruz Brasília, a demora na compra das vacinas deixou consequências. “Esse tempo que passou não é recuperável. Isso significou o adoecimento e a morte de pessoas. Essa é uma questão muito importante, tanto porque as consequências não são recuperáveis quanto porque o movimento de diminuição de casos demorou mais e, com isso, o vírus continuou se espalhando e infectando mais pessoas”, ressaltou.
Embora o ritmo esteja mais acelerado, com média diária de 1,7 milhão de doses aplicadas, o Brasil ainda está distante de ter a pandemia controlada. A suspensão do Ministério da Saúde da vacinação em adolescentes de 12 e 17 anos sem comorbidades é um dos motivos.
“Ainda existe a polêmica, mas provavelmente será superada e até o final do ano devemos ter uma proporção grande de adolescentes vacinados, mas não teremos uma imunidade coletiva plena enquanto as crianças não estiverem vacinadas”, opinou o sanitarista.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) 2018, o Brasil tem cerca de 35,5 milhões de crianças de até 12 anos de idade. “É uma quantidade suficiente para manter o vírus circulando. E se o vírus estiver circulando e a população adulta não estiver 100% vacinada, continuaremos tendo casos e, de vez em quando, poderemos ter surtos, mesmo menos frequentes do que agora. Mas ainda não podemos falar em um ambiente de normalidade até o final deste ano”, avaliou.
Portanto, apesar do avanço da vacinação, não é hora de relaxar nas medidas de segurança como higienização das mãos e o uso de máscaras. “A vacina é uma importante camada de proteção, mas sozinha ela não resolve”, ressaltou Maierovitch.
Antecipação da segunda dose
No final do mês de agosto, o Ministério da Saúde informou que reduziria, a partir de setembro, o intervalo entre as doses das vacinas Pfizer e AstraZeneca de 12 para 8 semanas. Marcelo Queiroga, ministro da Saúde, chegou a afirmar que havia “excesso de vacinas” no país. No entanto, com a falta do imunizante da Astrazeneca em alguns estados, Queiroga recuou e manteve o intervalo de 12 semanas para esta vacina.
O desabastecimento das vacinas da Astrazeneca, produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), se deve ao atraso no recebimento do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA). Atualmente a Fundação voltou a enviar as doses ao Governo, mas em pouca quantidade. Quanto às vacinas da Pfizer, a redução do intervalo para 8 semanas está mantida. Com autonomia para definir ações de vacinação, alguns estados anteciparam a segunda dose ainda no mês de julho. É importante procurar a secretaria de cada estado para saber mais sobre o esquema vacinal.
Dose de reforço
No dia 15 de setembro o Ministério anunciou o início da aplicação das doses de reforço para idosos acima de 70 anos e pessoas imunossuprimidas. A medida foi tomada após estudos indicarem que a idade impacta na efetividade dos imunizantes utilizados no Brasil. Um estudo realizado por pesquisadores brasileiros, divulgado pela Fiocruz em 27 de agosto, que a efetividade das vacinas diminui de acordo com o avanço da idade nos idosos.
O trabalho, coordenado pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Manoel Barral Netto, avaliou a efetividade das vacinas Astrazeneca e Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan. As duas foram as primeiras vacinas utilizadas e, portanto, possuem maior tempo de observação e grande número de pessoas vacinadas. Considerando as duas doses, ou seja, a vacinação completa, os dois imunizantes apresentaram proteção efetiva contra infecção, hospitalização e número de mortes. A Astrazeneca apresentou 90% de proteção e a Coronavac, 75%.
Considerando, no entanto, a faixa etária dos vacinados, os dados revelaram que a proteção diminui de acordo com o aumento da idade. Em idosos de 80 a 89 anos, o índice de proteção da Astrazeneca contra morte foi de 89,9%; a Coronavac apresentou um percentual de proteção de 67,2%. Já nos idosos acima de 90 anos, a proteção ficou mais reduzida – 65,4% para quem se vacinou com Astrazeneca e 33,6% com a Coronavac.
“Já se sabe que, em geral, as vacinas têm um desempenho menor nos idosos. Os idosos têm maior dificuldade de montar uma resposta imune do que os indivíduos mais jovens”, explicou o coordenador da pesquisa, Manoel Barral Netto.
O estudo divulgado pela Fiocruz avaliou a efetividade das vacinas em 75.919.840 de brasileiros vacinados entre 18 de janeiro e 24 de julho de 2021. As próximas pesquisas devem analisar o desempenho da Pfizer e da Janssen – imunizantes também utilizados no país.
O levantamento não considerou a vacina da Pfizer. Quando começou a ser aplicada no país, em maio deste ano, grande parte dos idosos já havia se vacinado com os imunizantes do estudo. Além disso, como o intervalo entre as duas doses do imunizante era, inicialmente, de 12 semanas, o número de pessoas completamente imunizadas ainda é pequeno.
Um estudo feito por pesquisadores do Reino Unido demonstrou uma queda na eficácia da vacina da Pfizer entre 5 e 6 meses após a aplicação da segunda dose. Segundo o levantamento, realizado com cerca de 1,2 milhão de pessoas, a proteção contra infecção reduziu de 88% para 74%. Os pesquisadores avaliaram que o resultado já era esperado, especialmente por conta do avanço da variante Delta.
Fonte: Fenae
Arte: SEEB Pelotas e Região