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Brasil tem 1.189 mortos pela covid-19 em 24 horas, maior marca em seis meses
O Brasil registrou nesta terça-feira (8) 1.189 mortes confirmadas pela covid-19. É a maior marca desde 3 de agosto do ano passado, quando foram computadas 1.209 vítimas. Assim, a média móvel subiu para 820 mortes diárias nos últimos sete dias, se equiparando a níveis de meados do ano passado.
Nas últimas 24 horas, as autoridades sanitárias também identificaram oficialmente mais 77.027 novos casos. Neste indicador, a média móvel voltou a cair para 165.202 novos diagnósticos, a menor em 10 dias. Conforme o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o país tem, ao todo, 633.810 mortes pela covid-19, com mais de 26,7 milhões de casos.
Para o pesquisador na Universidade de Vermont e membro do Observatório Covid-19BR Vitor Mori, o cenário atual merece “atenção e cautela”. Mas as recentes altas de casos e de óbitos não quer dizer que voltamos à “estaca zero”, segundo ele. Isso porque, desde então, houve tempo para desenvolver ferramentas de controle da pandemia: a principal delas, a vacinação.
“A vacina não zera mas reduz o risco de infecção. Além da imunização, ele destacou, mais uma vez, que distanciamento social, ambientes bem ventilados e máscaras de alta proteção reduzem o risco de infecção.
“Por último, também teremos em breve medicamentos antivirais que diminuem o risco de casos graves. Eles serão muito importantes principalmente para grupos mais vulneráveis que mesmo com o ciclo vacinal completo tem maior risco de desenvolvimento de um caso grave”, tuitou.
Óbitos entre não vacinados
No Instituto de Infectologia Emílio Ribas, referência no tratamento para casos graves da covid-19 em São Paulo, 82% das mortes registradas nos últimos três meses foram de pessoas não vacinadas ou que ainda não haviam tomado a dose de reforço. O levantamento foi feito com dados de pessoas internadas nos últimos três meses. Dos 17 óbitos nesse período, 14 não tiveram as três doses da vacina. Entre os internados na unidade, 76% não se vacinaram ou não completaram a imunização.
Nesse levantamento, a Secretaria Estadual de Saúde considerou a quantidade de doses indicada para cada indivíduo, de acordo com o calendário de vacinação. Dessa maneira, as autoridades consideraram com inumização incompleta aqueles pacientes que já deveriam ter recebido a dose de reforço.
O estudo também indica que houve queda de 85% nas mortes por covid-19 em São Paulo, entre julho e dezembro, na comparação com o primeiro semestre. A redução da letalidade no estado é atribuída ao avanço da vacinação. Por outro lado, as autoridades também informaram que cerca de 10 milhões de pessoas estão com a dose de reforço em atras no estado. Outros 2,1 milhões de pessoas nem sequer voltaram para tomar a segunda dose.
Também de acordo com autoridades estaduais, as internações caíram em 18,5% em uma semana. Entretanto, a taxa de ocupação nas UTIs para covid continua elevada. Segundo a plataforma Info Tracker (USP/Unesp), 69,39% dos leitos estão ocupados. Assim, seguindo a classificação do Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), São Paulo estaria hoje em nível de alerta “intermediário”.
Outros estados
Esses dados de óbitos e internações de não vacinados em São Paulo corroboram com os de outras regiões. No Paraná, por exemplo, levantamento divulgado na semana passada indicou que os não vacinados com a dose de reforço têm 10,6 vezes mais chances de serem internados do que os não imunizados. Também tem 23 vezes mais chances de morrerem pela covid-19.
Além disso, na cidade do Rio de Janeiro, há cerca de 10 dias, apenas 12% dos internados estavam com o esquema de vacinação completo e sem sintomas graves da doença. Por outro lado, nove em cada 10 internados não tinham tomado vacina ou estavam com doses em atraso.
Mulheres mais resistentes
Outro estudo realizado por pesquisadores da USP, da Unesp e do Instituto do Coração indica que as mulheres seriam mais resistentes à covid-19. Além disso, também transmitiriam menos a doença. Eles analisaram cerca de 2 mil casais em que um deles pegou a doença e o outro, não. Como resultado, praticamente o dobro das mulheres expostas ao vírus não desenvolveram sintomas da doença.
Em quase 60% dos casos foi o homem que transmitiu para a companheira ou foi o único que teve a doença, mesmo convivendo diariamente com a parceira. Além disso, os pesquisadores detectaram menor carga viral na saliva das mulheres.
Para a diretora do Centro de Estudo em Genoma Humano da USP, Mayana Zatz, os hormônios podem ser a chave para essa maior resistência entre elas. Ela destaca que a descoberta de características que tornam algumas pessoas mais resistentes ao coronavírus pode ajudar no desenvolvimento de novas vacinas e tratamentos.
Fonte: Tiago Pereira, da RBA, com informações da Agência Brasil