Reduzir juros em 1% injetaria R$ 60 bi na economia,afirma França
O ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, se somou às criticas ao Banco Central por manter a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano. Em entrevista ao jornal O Globo nesta segunda-feira (27), ele destacou que uma redução de 1% na taxa de juros injetaria R$ 60 bilhões na economia, auxiliando na criação de empregos e mais renda para os trabalhadores. O valor se refere ao custo do financiamento da dívida pública, que fica mais caro quanto maiores são os juros. Com uma eventual redução na Selic, os recursos do Orçamento poderiam ter outra aplicação.
“Do nosso ponto de vista, os acertos econômicos são tão densos que fica um pouco difícil defender uma posição tão radical de manutenção do juro alto. Cada vez que você reduz 1% do juro, você coloca R$ 60 bilhões a mais em possibilidades de gasto para o governo. Isso significa mais obra, mais emprego”, afirmou.
Ele disse que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, na medida em que passou a ter um “mandato”, terá que aprender a conviver com as críticas. Ainda assim, ele reclamou dos critérios de “independência” da autoridade monetária. “E se eles (integrantes do Copom) estiverem errados? Porque quando a gente erra, não se elege. Quando eles erram, qual é a punição?”, questionou.
Dentre outros temas, Márcio França mencionou o programa Voa, Brasil. A proposta inicial é oferecer cerca de 12 milhões de passagens aéreas a preços baixos para aposentados, estudantes com fies e funcionários públicos com salários de até R$ 6,8 mil. Ele detalhou que o plano não envolve investimento público, mas “subsídios” às companhias aéreas. E que as próprias companhias sugeriram o programa, “para desmistificarem os conceitos de que elas só têm preços caros”.
Mais ministros atacam juros altos
Outros dois ministros também engrossaram o coro contra os juros altos no Brasil. A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, criticou o tom adotado pelo Copom no comunicado e na ata que justificou a manutenção dos juros nos patamares atuais. “Acredito que não precisavam ter esticado a corda como esticaram, porque também mandaram recado, a meu ver, equivocado para a equipe econômica e o núcleo político, ou para a política brasileira”, disse a ministra, durante conferência em São Paulo.
Assim como França, ela destacou que a autoridade monetária vem ignorando os esforços do governo. Ela citou, por exemplo, as novas regras fiscais que o governo está “pronto para anunciar”, além de avanços na reforma tributária e medidas já anunciadas pela equipe econômica para reduzir o déficit público. Disse que questionou Campos Neto sobre a decisão, e ouviu dele que “foi sempre assim”. “Esse ‘Sempre foi assim’ não me agrada”, rebateu a ministra.
Do mesmo modo, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macedo, afirmou hoje que a Selic nas alturas “só serve aos especuladores”. “Nenhum país do mundo sobrevive a isso. Isso é um erro, essa é uma orientação política do presidente do Banco Central, que tem raízes e ligações profundas com o projeto conservador e autoritário que estava no poder nos últimos quatro anos. E isso nós precisamos enfrentar”, afirmou o ministro, em entrevista à Rádio Fan FM, de Sergipe.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Fonte: Redação RBA