Pelotas no escuro: diretor do Sindicato opina sobre privatização
Sindicato já alertava para a piora dos serviços públicos caso fossem privatizadas empresas estratégicas para o Estado, como CEEE
Resultado da política privatista, adotada pelo governo Eduardo Leite (PSDB), algumas famílias gaúchas vivenciam uma situação histórica, estando há mais de duas semanas sem abastecimento de energia elétrica e sem um prazo para ter esse problema solucionado. Acompanhando a discussão, desde o seu início, o diretor do Sindicato, Rafael da Silva, lembra que a Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE-D) estava entre as prioridades de venda da gestão tucana, ainda em 2019. Já em 2021, quando o Grupo Equatorial Energia foi confirmado como vencedor do leilão de privatização da CEEE, o Sindicato criticou a negociação.
“A falta de luz, em Pelotas, é a prova indiscutível dos prejuízos causados pela privatização da CEEE, de responsabilidade do atual governador. Se a atuação da antiga CEEE não era a ideal e tinha problemas, a Equatorial é infinitamente pior, em todos os aspectos. Assim como o Banrisul e a Corsan, a CEEE era um dos patrimônios públicos do Estado. A venda da empresa pelo valor irrisório de R$ 100 mil reais foi um deboche com o povo gaúcho, que, hoje, está colhendo os resultados da política de privatização dos serviços públicos”, avalia o dirigente Sindical.
Rafael relembra que, há época da privatização, o governador Eduardo Leite (PSDB) comemorou a venda da empresa chegando a afirmar que se trataria de “um momento histórico” para o Rio Grande do Sul. “Nós sabemos que este governo é herdeiro da velha política dos anos 90, adotada, aqui no Estado, pelo Governo Britto, quando a CEEE já havia perdido 2/3 da sua distribuição. O que era um laboratório desse tipo de política entreguista, hoje, mostra a ineficiência do serviço”, critica.
Promotoria de Justiça de Pelotas investiga prestação de serviço da CEEE Equatorial após ciclone
Em entrevista à RádioCom, o promotor de Justiça, José Alexandre Zachia Alan, explicou o andamento dos inquéritos instaurados pelo Ministério do Rio Grande do Sul (MPRS), para investigar a CEEE Equatorial, após os incidentes causados pelo ciclone extratropical, na metade Sul do Estado, nos dias 12 e 13 de julho. As Promotorias de Justiça de Pelotas, Rio Grande e São Lourenço do Sul passaram a atuar após o MP receber inúmeras denúncias de clientes que ficaram sem energia elétrica.
“O objeto das reclamações é essencialmente o mesmo: a demora do reestabelecimento do fornecimento de energia elétrica, considerando o que é regular para a resolução desse tipo de serviço”, afirmou o promotor, ao reforçar a importância de que as pessoas que estejam passando por este problema façam à sua denúncia junto ao Ministério Público. Zachia Alan explicou, ainda, que, em Pelotas, o objetivo do inquérito é apurar se a concessionária atuou de forma preventiva; isto é, “fazendo tudo o que estaria ao seu alcance para evitar a falha no fornecimento de energia elétrica”.
Ao avaliar a situação, o diretor Rafael da Silva, enfatizou, também, que a agência reguladora se mostrou sem utilidade prática, neste momento, pois não consegue resolver o problema. “E o Estado, como um todo, parece lavar as mãos para o caos provocado por esta empresa privada, sem punições severas ou multas milionárias. O que acontece, hoje, é um lembrete para quem defende qualquer tipo de privatização, como é o caso da Corsan, ou, no futuro, do Banrisul. Se o serviço está ruim, com a empresa sendo pública, que se cobre que ela melhore e cumpra se papel público, porque, se privatizar, vai piorar e muito, como estamos vendo. A verdade é que o pior ainda pode estar por vir, com essas empresas privatizadas”, alertou o diretor do Sindicato.
Redação e foto: Eduardo Menezes – SEEB Pelotas e Região