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RádioCom: preços de itens da cesta básica sobem acima da inflação
A economista Daniela Sandi, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), concedeu entrevista ao programa Edição da Manhã nesta terça-feira (28) para analisar a alta dos preços dos alimentos em 2024. Segundo os levantamentos do Dieese, alguns itens da cesta básica registraram aumento acima da inflação, impactando especialmente as famílias de menor renda. Diante desse cenário, o governo federal sinaliza que o barateamento dos produtos alimentícios será uma das prioridades deste ano.
Daniela Sandi explicou que o aumento nos preços dos alimentos afeta principalmente as famílias de baixa renda, uma vez que uma parcela maior do orçamento dessas famílias é destinada à alimentação. “Enquanto para as famílias de maior renda a alimentação tem um peso menor, para as de menor renda a alta dos preços impacta diretamente a qualidade de vida”, destacou.
Principais fatores que influenciaram a alta em 2024
A economista apontou dois principais fatores que explicam o aumento dos preços: questões conjunturais, como o clima e a safra, e fatores estruturais ligados à internacionalização da produção agropecuária brasileira. O Brasil tem aumentado significativamente suas exportações de alimentos, reduzindo a oferta no mercado interno.
Além disso, a desvalorização do real frente ao dólar, que chegou a cerca de 22% ao longo de 2024, também contribuiu para o encarecimento dos produtos. “O Banco Central não atuou para conter essa volatilidade cambial, o que gerou impactos nos preços internos”, afirmou Sandi.
Produtos mais afetados pela inflação
De acordo com o Dieese, os principais produtos que tiveram aumento acima da inflação foram:
– Carne bovina
– Café
– Óleo de soja
– Leite
Esses itens, considerados commodities, são amplamente exportados pelo Brasil, o que reduz sua disponibilidade interna e impulsiona os preços. Por outro lado, produtos não comercializáveis – como tomate, batata e açúcar – registraram queda nos preços ao longo do ano.
Possíveis soluções para conter os aumentos
Entre as medidas avaliadas para conter a alta dos alimentos, a economista citou:
Redução das alíquotas de importação para produtos que estejam mais baratos no mercado externo.
Fortalecimento dos estoques reguladores, política que foi desativada no governo Bolsonaro e poderia ser retomada para intervir nos preços quando necessário.
Fomento a feiras e produção local, para reduzir a dependência de grandes cadeias de distribuição e aproximar produtores e consumidores.
Atuação mais firme do Banco Central para conter a volatilidade cambial e evitar impactos negativos no preço dos alimentos.
Previsões para 2025
Apesar do impacto negativo registrado em 2024, Daniela Sandi destacou que já há sinais de desaceleração na alta dos alimentos no começo deste ano. A prévia da inflação de janeiro (IPCA-15) mostrou uma redução no ritmo de crescimento dos preços, além da estabilização do câmbio e da previsão de uma safra maior para este ano.
“Os combustíveis estão relativamente controlados, a política de preços da Petrobras mudou e a previsão é de um ano menos impactado por fatores climáticos extremos, como foi em 2024”, analisou a economista.
Confira a entrevista completa no canal da RádioCom Pelotas no YouTube.
Imagem: Divulgação/Freepik