Itaú registra maior lucro da história de R$ 41,8 bi. Com Bradesco e Santander, ganhos somam R$ 74,8 bi

Juros altos no país são uma das principais explicações para ganhos estratosféricos

O maior lucro da história entre os bancos com ações na Bolsa de Valores no Brasil. Essa é a marca registrada pelo Itaú que obteve um lucro líquido de R$ 41,8 bilhões, em 2024. O valor representa um crescimento de 18% em relação ao resultado de 2023 e supera o recorde anterior no setor, obtido pelo Banco do Brasil, em 2023, de R$ 33,9 bilhões.

Contudo, o aumento nos lucros não foi obtido apenas pelo Itaú. O Bradesco registrou um lucro de R$ 19,6 bilhões no ano passado, com crescimento de 20% no período. Já o Santander teve o maior aumento percentual entre os três, com uma alta de 47,8% em seu lucro, que chegou a R$ 13,8 bilhões.

Juntos, os três maiores bancos privados do país totalizaram R$ 74,8 bilhões de lucros. Mas, como destacou a Auditoria Cidadã da Dívida, os bancos públicos também têm lucrado muito. O Banco do Brasil deve divulgar o resultado de 2024 nos próximos dias, mas apenas nos primeiros nove meses do ano passado já havia lucrado R$ 28,3 bilhões.

Juros altos

Nos informes das instituições bancárias e análises de economistas neoliberais, a “eficácia nas estratégias”, “expansão de serviços financeiros”, “eficiência operacional” são alguns dos termos usados para explicar tamanhos lucros. No entanto, a cobrança de altos juros, demissões de trabalhadores, fechamento de agências e processos de restruturação estão na base dos ganhos dos banqueiros, segundos sindicatos do setor e economistas.

Ao site Brasil de Fato, Weslley Cantelmo, economista e presidente do Instituto Economias e Planejamento, o aumento da Selic impacta diretamente os lucros bancários, pois a taxa serve de base para os juros pagos pelo governo aos detentores de títulos da dívida pública, sendo os bancos os principais beneficiários.

“As operações compromissadas, por exemplo, permitem que os bancos obtenham retornos quase imediatos com as variações da Selic, o que torna o aumento da taxa extremamente lucrativo para eles”, explica Cantelmo.

Outro fator que favorece os bancos são os juros cobrados em operações de crédito, como cheque especial e parcelamento de cartão.

Também ao Brasil de Fato, o economista Mauricio Weiss, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), disse que os bancos ajustam rapidamente suas taxas para repassar os aumentos da Selic aos clientes. “O crédito rotativo e outras modalidades de empréstimos com juros variáveis fazem com que os bancos consigam ampliar seus ganhos rapidamente sempre que há alta na taxa básica”, ressalta Weiss.

De setembro a dezembro de 2024, a Selic subiu de 10,5% para 12,25% ao ano. Atualmente, a taxa já está em 13,25% e tem indicativo de continuar subindo, beneficiando ainda mais os bancos.

Superexploração

Apesar dos lucros recordes, os bancos seguem fechando postos de trabalho e reduzindo sua estrutura física, outra fonte para a alta rentabilidade.

O Bradesco, por exemplo, encerrou 2024 com 84.022 funcionários, tendo eliminado 2.200 postos de trabalho ao longo do ano, segundo informa o Sindicato dos Bancários de SP. O banco também aumentou a relação de clientes por funcionário, que subiu de 1.227,6 em 2023 para 1.298,6 em 2024, um acréscimo de 5,7%, o que demonstra a sobrecarga de trabalho e o aumento da exploração sobre os trabalhadores do setor.

Lucros para banqueiro à custa do povo

A Auditoria Cidadã da Dívida alerta para o impacto da política de juros altos sobre os lucros bancários e as finanças públicas. Segundo a organização, cada aumento de 1% na Selic gera um gasto adicional de R$ 55 bilhões por ano com juros da dívida pública, beneficiando diretamente os bancos.

Além disso, a entidade destaca que no caso dos bancos públicos e todas as demais empresas estatais (que fazem parte da chamada “administração indireta”), os lucros distribuídos ao governo federal são destinados à amortização da Dívida Pública, conforme diz a Lei 9.530/1997.

Essa é a lógica da política econômica adotada governo após governo, que coloca a fraudulenta Dívida Pública com prioridade absoluta, que favorece o rentismo, para encher os cofres de banqueiros e especuladores, em detrimento do desenvolvimento econômico e social no país.

Fonte: CSP-Conlutas

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